Capítulo 26

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Seul, Coreia do Sul atualmente.


-Eun-Kyung, vou ter que ira o banco com seu pai. – A voz de sua mãe estava hesitante. – Cuide da cafeteria um pouco, mas feche mais cedo hoje, está bem? – Ela se aproximou da filha e beijou sua testa.

-Mãe, está tudo bem?

-Quando voltarmos conversamos,querida... Tire o restante do dia para aproveitar um pouco. – Ela começou a acariciar o rosto de Eun-Kyung. – Você se esforça tanto, meu amor, eu...e-eu só queria que você seguisse seu sonho sem esse peso e sobrecarga nas costas. – Os olhos de Hye Yeong se encheram de lágrimas.

-Eu estou bem, mãe, não se preocupe. – Ela mentiu. – Vou esperar esses clientes saírem para fechar e ter um dia para mim.

Algo naquela ida inesperada ao banco deixava Eun-Kyung aflita, ao que parecia era algo sério. Toda essa situação de ver seus pais endividados e dando tudo de si a consumia, ter que trabalhar em diversos lugares a esgotava e a deixava infeliz. "Por que tem que ser assim?" Ela se perguntava diariamente e aguardava ansiosamente o dia em que a situação mudaria.
Aos poucos, os clientes foram acabando de consumir e deixando o lugar. Ela começou a limpar o pequeno estabelecimento e a ficar um pouco perplexa, havia várias migalhas de bolo no chão, pequenas poças de café e suco nas mesas e para piorar, o banheiro estava precisando de uma boa faxina. Pelo visto limpar aquilo tudo seria um pouco trabalhoso, mas precisava ser feito. Eun-Kyung começou limpando as mesas e organizando as cadeiras, em seguida foi até o balcão  começou a guardar os materiais que não seriam utilizados e lavar os pratos, talheres e copos que haviam sido utilizados "Uma lava louças seria bem útil agora" ela disse em voz alta.
Mais de uma hora depois, ela finalmente terminou todo o serviço. Como estava quase na hora do almoço, então ela pensou em convidar sua amiga para almoçar.

[...]

-Eun-Kyung, eu não suporto o redator chefe. – Ha-yun reclamava. – Ele simplesmente não aparece o dia inteiro, não ajuda em nada e no fim leva os créditos pelo meu trabalho! Se dependesse dele, aquele jornal estava ferrado.

-Por que aquele imbecil ainda não foi demitido?

-O pai dele é melhor amigo do dono. – Ela enfiou uma garfada na boca. – Eu simplesmente não suporto o fato de terem incompetentes que conseguem seu emprego por causa de influência.

-É realmente patético. – Eun-Kyung finalmente tocou na comida. - Ha-yun, você acha que algum dia eu vou conseguir deixar esses empregos e tomar coragem para fazer o que eu gosto?

-Por que esse assunto tão repentinamente?

-Às vezes eu me sinto perdida... É como se todo mundo se desse bem ou seguisse a sua vida e eu estivesse presa sem conseguir me mover. – Ela enrolou o macarrão no garfo e levou até a boca. – Meus pais tem muitas dívidas e para sobreviver eu preciso desses empregos...

-Eun-Kyung, olhe para mim. – Sua amiga a fitou firmemente. – Isso só depende de você! Decida mudar a situação e faça o que estiver ao seu alcance para que isso aconteça... Pare de se lamentar e tome uma atitude em relação a isso!

-Eu preciso pensar.

-Você precisa de umas férias e ir resolver seus assuntos pendentes em Londres, ou você já pagou aquela dívida?

-Termino daqui a alguns meses... E ela é a principal razão de eu não largar meus empregos aqui.

-Eu entendo, Kyung, mas talvez esteja na hora de você arriscar um pouco. – Ela terminou de comer. – Se você continuar esperando a oportunidade perfeita nunca vai sair dessa situação.

Aquelas palavras ficaram martelando na mente dela por algum tempo. Definitivamente, Eun-Kyung queria seguir seus sonhos e ter uma vida leve, mas a dúvida que tomava conta de sua mente era se ela realmente seria capaz.
Depois de passar algumas horas no aconchegante restaurante, Ha-yun percebeu que seu horário de almoço estava chegando ao fim. Então ela pagou a conta e se despediu da amiga com um conselho:

-Pare de pensar um pouco nos outros e comece a pensar em você! Isso não é ser egoísta, é ter amor próprio.

As duas amigas seguiram juntas até certo ponto, porém depois se separaram. Aquele dia estava sendo bem reflexivo para Eun-Kyung, sua mente imaginava mil e uma possibilidades e pensava em uma maneira de conseguir realizar o que queria. Dentre as possibilidades, ela pensou em procurar  emprego em um escritório, mas isso poderia tomar o seu dia inteiro e seus pais precisavam dela na cafeteria vez ou outra. Por mais que ela tentasse encaixar tudo de maneira eficaz, tudo se resumia a duas opções: Largar os empregos e arriscar ou permanecer presa a uma realidade infeliz, entretanto "segura".
Racionalmente, ela decidiu aguentar mais alguns dias nos empregos, visto que faltava pouco para o mês findar e ela receber o seu salário. Após as demissões, ela pretendia passar um tempo em Londres resolvendo algumas coisas e pagando sua dívidas. Eun-Kyung também queria tentar a prova da ordem, mas isso a deixava um pouco receosa, será que a Sra.Bruce ainda seria um problema? Se fosse, ela estava mais do que disposta a enfrentá-la, afinal não era justo jogar fora cinco anos de estudo por causa de uma mãe amargurada.

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-Filha, nós temos que conversar. – Aquelas palavras ditas por seu pai fizeram o coração dela gelar. – Temos algo a te comunicar.

-Certo, pai, estou aqui.

-Filha, nós temos muitas dívidas desde que eu adoeci a alguns anos atrás e pegamos um empréstimo para pagar as despesas do hospital. Nisso tivemos sérios problemas financeiros e temos vivido assim desde então. Como você sabe fizemos muito sacrifício para abrir o café e ter uma renda que nos ajudasse, mas mesmo assim os juros só crescem e a dívida aumenta. – Ele deu uma pausa e tomou coragem para pronunciar o resto da história. – A única solução que nos resta é vender a casa.

-O quê? Como assim, pai, vocês não podem fazer isso! – Eun-Kyung o interrompeu. – Eu posso dar um jeito nisso!

-Eun-Kyung, deixe seu pai terminar de falar, por favor. – Sua mãe a repreendeu.

-Nós vamos vender a casa e pagar as nossas dívidas,  com o dinheiro que recebemos do café vamos alugar um lugar menor e mais barato até nos organizarmos o suficiente para termos condições de comprar uma casa. – Ele olhou nos olhos da filha. – Não podemos viver assim para sempre, meu amor, eu quero retomar a minha vida e para termos alguma mudança precisamos fazer essa jogada arriscada.

-Mas pai...

-Está decidido. – Ele a interrompeu. – A partir de hoje, minha filha, você pode largar esses empregos e viver a sua vida! – Seu pai estava com lágrimas nos olhos. – Nos deixe cuidar de tudo e se preocupe em ser feliz.

Naquele momento, aquelas palavras foram a confirmação da decisão tomada por Eun-Kyung.

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— Nota da autora —

Oii, Queenies!
Demorei para lançar esse capítulo porque eu precisava deixar tudo do jeito que eu queria para a história correr bem.
Meu recesso está quase acabando, mas eu estou um pouco bloqueada :/
Sejam pacientes, por favor.
Não me esqueço de vocês nunquinha, então estou sempre tentando escrever.
Continuo sem data para os próximos capítulos.

Queen Mary

Taj MahalOnde histórias criam vida. Descubra agora