18 - CINZA É A COR MAIS QUENTE

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Eu cheguei em Nova York e o clima estava agradável, não era o calor intenso de Los Angeles, mas ainda assim o verão com certeza estava presente com força. Quando cheguei na área de desembarque, a melhor amiga da minha mãe da época de faculdade, Lily, me esperava. Ela acenava freneticamente para mim, enquanto eu sorria tímida para ela.

– Hey, querida. Tudo bem? Como foi a viagem? – ela me abraçou forte e pegou minha mala para ajudar.

– Foi tranquilo, consegui dormir boa parte do tempo. Praticamente não vi a hora passar.

– Que bom, assim é melhor. Eu tenho grandes enjoos quando preciso viajar de avião. Você está com fome? – ela me olhou carinhosa. Eu conhecia Lily de algumas visitas quando eu era mais nova, ela não conseguia ir muito para Los Angeles porque coordenava uma biblioteca em Nova York, portanto não conseguia viajar muito.

– Um pouco sim. – falei suplicante, apesar de dizer que era pouco, sentia a barriga roncar. – O lado ruim de dormir o tempo todo, foi perder a comida.

– Mas eu tenho algo muito melhor para você do que a comida de avião. Vamos lá! – ela esticou seu braço para eu entrelaça-lo e saímos em direção ao estacionamento do aeroporto. O movimento na rua era muito maior do que estava acostumada. Sair do litoral e ir à grande cidade que é Nova York, realmente te trazia novos ares. – Eu sei que está fora de hora, mas o que acha de um almoço? Tem um restaurante italiano bem gostoso aqui perto. O que você acha?

– Eu ia adorar, tia Lily. – falei, chamando-a da forma carinhosa que acostumamos.

– Perfeito, vamos lá e aí já vamos para casa. Você vai precisar descansar para a reunião amanhã e o voo logo em seguida. Sua mãe é maluca de te deixar ir e voltar em dias seguidos dessa forma. – ela me olhava incrédula, como se minha mãe fosse uma doida.

– Tá tudo bem, tia, eu já sabia que seria assim mesmo. Das outras vezes foi da mesma forma. Já me acostumei. Eu só estou realmente cansada, mas algumas horas de sono já vão me deixar ótima. – entrei no carro enquanto Lily colocava a minha mala no porta-malas.

– Certo, próxima parada então, restaurante. – ela sorriu para mim e fomos em direção ao restaurante.

Quando chegamos, o aroma do lugar já me fazia querer implorar por comida. Os roncos ficavam cada vez mais intensos. Entramos e nos sentamos em uma mesa próxima à janela, onde eu conseguia ver o movimento na avenida. Pedimos nossa comida e não demorou para chegar, para a minha grande sorte. Eu estava pronta para devorar uma lasanha.

– Ansiosa para a entrevista, meu bem? – ela falava enquanto tentava dar uma garfada em uma almôndega.

– Ah, não como nas audições. Eu lembro que falei tão bem, mas as minhas mãos tremiam. Lembro da minha voz sair um pouquinho esganiçada no começo também até eu assumir o controle de verdade. Amanhã, eu sei que será uma conversa de finalização. Mas ainda assim, estou um pouco ansiosa sim.

– Já sabe quando você vem para cá oficialmente?

– Ainda não, e acho que vou aproveitar ao máximo as coisas por lá, porque não será mais tão simples viajar para Los Angeles. A viagem até que é tranquila, mas é cansativa e fazer um bate e volta seria caro pra minha saúde e pro meu bolso. – eu falei e ela riu.

– Você tem razão, vamos torcer para sua mãe vir mais vezes para cá. Eu acho que não vejo a Stella pisar em Nova York desde, sei lá, quando Agatha nasceu. Inclusive, não era muito longe o lugar que ela morou na época da faculdade, com seu pai.

– Eu acho que me lembro vagamente, não parece estranho por aqui.

– Ah, você era tão pequena, mesmo com dois anos, seus olhos brilhavam com o letreiro da Broadway. Eu sempre soube que você se tornaria artista, igual sua mãe. – ela falou, apoiando o rosto nas mãos, sonhadora, como se a lembrança fosse palpável.

Messed Up SummerOnde histórias criam vida. Descubra agora