Messed Up Summer

20 - ENCARANDO LOS ANGELES

Eu nunca imaginei que ficar esses dois dias fora seria difícil. Foram dois dias, mas eu sentia tanta falta de minha mãe. Ouvir o áudio do Marco tinha me abalado tanto, que eu me sentia uma garotinha, precisando de colo. Quando cheguei no aeroporto, o mesmo grupo que havia me deixado ali, esperava na área de desembarque. Achei engraçado ver Peter mais uma vez. Pelo jeito, ele estava se esforçando para ser parte da família e minha irmã adorava isso. Todos me aguardavam com um sorriso estampado, com exceção de Peter, que era mais contido. Imagino que, para ele, eu só era mais uma fiscal voltando para controlar o que ele e minha irmã faziam.

Assim que peguei minha mala e saí, todos vieram ao meu encontro, me abraçando. Minha mãe demorou mais no abraço, enchendo meu rosto de beijos. Ela estava tão empolgada e eu tão sensível com o retorno, que me permiti receber todo aquele carinho publicamente.

– Minha nossa, como eu senti sua falta. – minha mãe falava meio chorosa.

– Isso porque só foi um pouco mais de 24 horas, hein dona Stella. Quero ver quando ela ir de vez. – minha irmã falou brincalhona.

– Deixamos para pensar nisso quando acontecer. – minha mãe respondeu, abanando a mão, como se quisesse esquecer a próxima etapa.

– Eu estava morrendo de saudade de vocês. Nem parece que eu vi ontem de manhã. – sorri para eles.

– Eu morri de saudade também, ainda mais sabendo que você estava em Nova York, conhecendo a cidade sem mim. – Vivian me abraçou enquanto falava.

– Não deu tempo de conhecer muita coisa e nem de acontecer algo tão relevante assim – olhei para ela, dando uma piscadinha, torcendo para que ela entendesse que eu tinha coisas para contar, e claro que ela percebeu.

– Você deve estar cansada agora? Mas acho que deveríamos dar uma volta. Tomar um sorvete e aí eu já libero ela, sra. Jones. – Vivian disse para minha mãe.

– É com ela, Viv. Se a Lucy quiser tomar um sorvete, fiquem à vontade. Só é importante não esquecer que você precisa descansar e que amanhã você trabalha – ela me repreendeu com os olhos, mas eu não podia esperar, queria contar todos os detalhes da viagem para Vivian, principalmente sobre o lindo par de olhos cinzas que eu tive o prazer de admirar na noite anterior.

– Está tudo bem, mamãe. Eu ainda sou jovem, disposição é o que não nos falta.

– Ah, diga por você. Eu estou com sono, quero ir dormir logo. Eu acordei cedo hoje. – Agatha falou em meio a um bocejo.

– Certo, vou deixar as duas jovenzinhas dispostas em uma sorveteria perto de casa, e a jovem cansada vem comigo para casa – minha mãe disse sorrindo.

– E eu, sra. Jones? – Peter perguntou sorridente, como se provocasse a minha mãe. Eu poderia ter ficado irritada para encrencar, mas a audácia me fez gostar dele.

– Bom, você eu não posso deixar aqui, então, você vem com a jovem cansada. – ela falou como se o provocasse, mas lançando um sorriso leve para ele. Ela estava começando a gostar de Peter, mesmo que ainda receosa.

Fomos todos em direção ao carro da minha mãe e não demorou para chegarmos em uma sorveteria tradicional do bairro em que morávamos. Desci com Vivian, deixando todas as malas no carro, pegando só minha bolsa de mão. Fomos para a sorveteria, pegamos nossos sorvetes favoritos e nos sentamos em uns banquinhos que tinha do lado de fora. Vivian ao menos me deu tempo para uma primeira colherada no sorvete.

– Vai, desembucha que eu sei que você aprontou lá – ela bateu de leve em meu joelho, como forma de incentivo.

– Eu não aprontei nada não. Todas as minhas ações foram consentidas por uma adulta – eu respondi em meio ao riso.