Messed Up Summer

24 - CRIANDO O DESTINO

No meu primeiro dia depois do retorno das férias de inverno, eu tive que voltar para a escola sozinha, enfrentando olhares curiosos e algumas pessoas mais atrevidas, que vinham até mim para perguntar porque eu não estava com Josh. Não demorava para que entendessem, quando viam ele desfilando com Alicia pelos corredores. No meu primeiro dia no trabalho de salva-vidas, eu ganhei uma advertência e uma ameaça de uma mãe difícil, que não suportava ver o filho ser repreendido por um mau comportamento.

Agora, com o início de setembro, eu estava indo para meu primeiro dia na faculdade e eu só torcia para meu azar com os "primeiros dias" já tivesse acabado. Eu só queria começar isso em paz.

Faziam poucos dias que minha irmã e minha mãe tinham ido embora, e lembrar da despedida delas ainda me deixava chorosa. Afinal, não é fácil ver sua rotina ser mudada completamente. Eu não teria o café da manhã da minha mãe, não acompanharia o amadurecimento da Agatha de perto (mesmo que ela já fosse incrivelmente madura), nem seu relacionamento com Peter, o que eu torcia para minha mãe poder acompanhar. Eu estava há mais de 4 mil quilômetros de distância, não conseguiria voltar correndo caso fosse necessário. Assim como eu não conseguiria tê-las por perto em uma emergência.

A primeira noite foi a mais difícil, eu chorava baixinho no meu quarto, olhando para nossa foto em minha mesa de cabeceira. A iluminação do meu abajur tornava a cena ainda mais dramática e cheia de saudade. Mas com o passar dos dias, foi ficando um pouco mais fácil. Eu ainda ligava todos os dias, e provavelmente isso não mudaria tão cedo, mas tentava aproveitar os dias que antecediam o início das aulas para estudar todo o material que eu havia recebido.

Alguns temas me despertaram mais curiosidade do que outros, então em alguns desses dias, eu fui com a Lily para a biblioteca em que ela trabalhava e passei o dia lendo. Era como eu distraia minha cabeça para não pensar na minha casa e na saudade que eu tinha daquele último verão em Los Angeles.

Agora, eu estava a caminho da faculdade, me preparando para conhecer minha turma e torcendo para que meu primeiro dia fosse pelo menos leve.

Quando cheguei no prédio da Juilliard, Lily me desejou boa sorte e eu desci do carro. Respirei fundo e entrei, indo até a secretaria para me informar sobre onde eu deveria ir. Eu já tinha escolhido as aulas que iria cursar naquele primeiro semestre e recebido meus horários, mas ainda não sabia onde eu deveria ir.

Na secretaria, me informaram a sala que eu deveria ir para ter minha primeira aula de História do Cinema. Quando entrei, vi algumas poucas mesas e cadeiras espaçadas. Já havia algumas pessoas por lá, então me sentei em um lugar vago, mais ao fundo.

Comecei a organizar minhas coisas, como era o hábito de sempre e fiquei esperando, conversando com a minha irmã por mensagem, que me desejou sorte no primeiro dia, junto com uma foto fofa dela com Peter segurando uma plaquinha escrito "Lucy arrasa", isso fez meus olhos se encherem de lágrimas.

Não demorou para que o professor entrasse na aula e...UAU, ele era lindo. Por um momento, achei que eu estivesse encarando-o de boca aberta, então tratei de me ajeitar na cadeira e guardei o celular. Ok, professor bonitão, você tem toda a minha atenção!

– Olá, pessoal. Eu sou Derek Bosh, mas se vocês investigaram bem a grade curricular, vocês já sabem disso, não é? Hoje, podem guardar livros, vamos conversar. Vocês são todos novos aqui, vamos deixar o primeiro dia mais leve. Que tal uma apresentação? Me digam nome e sobrenome, sua produção favorita e o motivo de ter escolhido a Juilliard. Vamos começar por você. – ele apontou para uma garota morena que estava sentada mais à frente.

– Meu nome é Clarissa Carter, minha produção favorita é A Família Addams e eu escolhi a Julliard porque foi onde muitas pessoas incríveis começaram. Acho que passar por onde eles passaram, é muito inspirador. – Clarissa disse de pé, e olhava de forma doce para toda a sala. Ela tinha tanta confiança em sua postura, que eu me sentia confiante para lidar com esse momento tão introdutório, além de um sotaque interiorano muito fofo.