39 - UM RESPIRO PARA MIM

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Acordei com bipe irritante. Na realidade, aquela não era a primeira vez que acordava desde que eu fui lançada contra as mesas. Acordei no meio da multidão que me olhava preocupada e com um Marco ao meu lado, implorando por perdão. Depois acordei dentro de uma ambulância. Mas meu corpo ainda não queria despertar.

Por fim, acordei quando fui levada em uma maca para um quarto. Esse foi o momento em que me mantive sóbria por mais tempo.

Eu sabia o que tinha acontecido, ou pelo menos parcialmente. Eu sabia onde eu estava, só não entendia porque eu estava ali. Não tinha sido tão grave assim para isso, tinha?

De qualquer forma, quando eu estava sendo conduzida, um enfermeiro muito gentil me acalmava, dizendo que eu ficaria bem muito rápido. Depois disso, decidi que não valia a pena me debater contra o que estivesse acontecendo, eu estava em boas mãos ali. O que me fez adormecer uma última vez.

Então, acordei com o bipe e ouvi um sobressalto ao meu lado. Era Marco, com olhos inchados, chorosos. Um deles tinha um grande círculo roxo, a forma certinha de alguns dedos de Marcel. Aquilo me trazia para a realidade do que tinha acontecido: Marco tinha trocado socos com Marcel, no meio daquilo, tentando apartar o ódio entre os dois, fui atingida.

– Lucy, meu amor, você acordou. – Marco falou carinhoso. Tentei falar, mas minha garganta arranhava. Quando me movimentei, percebi o acesso preso ao meu braço, olhei aquilo e tentei tirar, mas Marco me interrompeu. – Não faça isso, por favor.

– Água...

– Ah, claro. Eu vou pedir para você. – Marco apertou um botão que tinha atrás da minha maca, em algum ponto onde eu não conseguia olhar. Ele parou ao meu lado, apreensivo, ansioso. Ficou batendo o pé, até que o olhei nos olhos, repreendendo os barulhos. – Quer saber? Não sei quanto tempo isso vai levar, vou pegar pra você. – Marco saiu correndo do lugar onde eu estava e me deixou sozinha. Minha cabeça rodou, então, voltei a me deitar e encarei o teto, pensativa.

Só então, decidi encarar o estrago. Quando olhei para baixo, meu braço estava enfaixado. Eu não conseguia ver o meu braço de fato, mas alguns pequenos pontinhos vermelhos começavam a aparecer na bandagem. Eu teria que chamar alguma enfermeira para trocar isso?

Apesar do monte de faixas e cuidados, eu não sentia dor. O motivo era óbvio: o acesso ligando-o ao soro. A medicação na veia estava trabalhando com força para que qualquer dor não fosse sentida.

Com a mão boa, levantei o cobertor e o avental que eu vestia, e consegui notar um hematoma ou outro na minha barriga, um no meu peito e só. Ainda assim, eu parecia destruída. Me cobri novamente, antes que alguém aparecesse e me visse dessa maneira.

Marco voltou com uma garrafa de água já aberta, me entregou e permaneceu apreensivo ao meu lado. Saboreei a água, sentindo o líquido hidratar minha garganta e, de alguma forma, aquilo foi revigorante. Não demorou para que uma enfermeira aparecesse, depois do chamado de Marco.

– Tudo bem aqui? – a enfermeira perguntou. Antes que eu pudesse responder, Marco tomou a frente.

– Está sim. Ela só queria água, mas consegui com a srta. Lewis. – Marco respondeu.

– Ah, ótimo. Que bom que acordou, Lucinda. Eu volto em breve para medir sua temperatura, sua pressão e concluir seu formulário. – ela falou carinhosa para mim e eu assenti. Então, a moça saiu, me deixando com Marco novamente.

– Ah, quase me esqueci. Está com frio? A enfermeira pediu para avisar se você sentisse frio – continuei bebendo minha água e só quando terminei fiz uma negativa com a cabeça. – Bom, isso é bom. Seu braço dói?

Messed Up SummerOnde histórias criam vida. Descubra agora