Depois daquele dia, as coisas ficaram mais tensas entre minha mãe, eu e Agatha. Minha mãe parecia desconfiar de que algo estava acontecendo, mas acho que não tinha coragem para perguntar. Acho que ela já ligou os pontos muito antes que nós duas, desde quando recebi o primeiro drink de blueberry.
Pensando nisso, fazia muito mais sentido a reação dela quando contei. Ela ficou muito mais preocupada do que o normal e lembro dela comentar que eu não deveria aceitar novamente drinks de blueberry.
Provavelmente, ela tinha conectado tudo e entendia muito bem nosso receio repentino. Só estava evitando entrar no assunto. Agora, faltava bem pouco para nos vermos de novo. Em três dias, ela viria para passar o Natal comigo e com Lily, em Nova York, e eu teria que inibir de qualquer forma esse encontro dos dois para não acabar com nosso período de festas.
Todo esse estresse tem sido aliviado com meu trabalho, com a faculdade e o apoio dos meus amigos, além de Marco. Ele tem sido ótimo em me acalmar sobre todas as situações, mas tem tido dificuldade em saber contornar e me aconselhar quando o assunto é o meu pai.
Depois que desliguei o telefone com a Agatha, ele construiu toda uma ideia de que o próximo passo seria ligar para a minha mãe e não tinha entendido quando eu falei que não resolveria aquilo tão cedo. Ele sempre foi tão compreensivo comigo, mas estar inserido em um contexto padrão com a sua família, dificulta um pouco as coisas para que Marco entenda os limites da minha.
Muitas vezes, ele acha que uma simples conversa seria capaz de resolver tudo e não entende o quão delicado é tudo isso para minha mãe. E eu não cobro que ele entenda, mas um desentendimento ou outro surgem por isso. Vira e mexe, ele volta com o assunto e insiste que eu conte para a minha mãe.
Uma dessas situações aconteceu dias após a conversa com a minha irmã. Estávamos brincando com o ocorrido de uma forma boba. Eu disse como ele tem sorte por não ter um sogro pegando no pé. Era tudo piada no começo, mas no segundo seguinte, estávamos discutindo por isso.
– Mas vocês não podem deixar sua mãe no escuro assim. Ela precisa saber, Lucy. – ele me olhava indignado.
– E ela vai saber, Marco, mas na hora certa. Eu estou longe agora e não me sinto confortável em contar isso pra ela por telefone. Eu não estou do lado dela para reparar algum dano... – eu retruquei com veemência, gesticulando muito com as mãos, saindo de seu colo.
– Agatha está lá. E você já contou pra ela por telefone. – ele ficou carrancudo, observando enquanto eu me afastava.
– As coisas com a minha irmã são mais fáceis. Ela me entendeu, porque está literalmente no mesmo contexto que eu. Uma filha que não sabe quem é o pai. Ponto!
– Mas vocês estão agindo como se sua mãe fosse uma criança que não sabe lidar com isso. Já esqueceram que foi ela quem passou por tudo isso estando grávida?
– E é exatamente por isso que eu ainda não contei pra ela. Ela já precisou lidar com o sumiço do meu pai duas vezes. E se ele fizer isso de novo? E se decide que mais uma vez não estava pronto para ser parte dessa família? Por que eu vou gerar qualquer expectativa pra ela sendo que nem por perto eu estou para contornar?
– Mas se ela não souber de nada disso, como vai lidar com ele? E se ele aparece na casa da Lily enquanto ela está lá? Como você e sua irmã vão contornar isso? Continuar fingindo que nada está acontecendo e ignorar ele? Ela tem que saber. Liga pra ela e conversa.
– Você está sendo simplista demais.
– Eu? Simplista? Quem está escondendo toda uma história só para não ter que lidar com isso é você, não eu. Está escolhendo o caminho mais fácil e não o certo – Eu o olhei sentida. Fechei a cara e lhe dei as costas. – Onde você vai?
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Messed Up Summer
FanfictionLucy Jones está enfrentando o seu último verão antes de finalmente se tornar uma universitária e ser a artista que sempre sonhou. Mas como transformar seu último verão em sua Los Angeles em algo épico e inesquecível? Um pequeno flerte que começou na...