Capítulo 07

66 7 0
                                    

Acordo no susto quando meu telefone desperta, e por impulso, me sento sobre a cama e fico olhando para o nada, até que recupero a consciência, e isso só serviu para me mostrar o quão cansado eu estava quando tinha ido dormir ontem.

Corri para o banheiro e tomei um banho rápido. Me sequei e sai com a toalha enrolada na cintura até chegar no meu quarto outra vez, onde vesti a calça social, as meias e o sapato, deixando a camisa para vestir depois que eu tivesse tomado café.

Quando chego na cozinha, me assusto com minha mãe de pé, passando o café. Ela sorri e vem até mim, me dando um beijo na testa.

― Que milagre é esse? ― Pergunto ao abrir a geladeira e pegar uma garrafa com água.

― Acordei um pouco melhor e resolvi sair daquela cama. ― Diz ela arrumando o lenço em sua cabeça.

― Fiz uma homenagem para a senhora... ― Passo a mão no meu cabelo, e ela arregala os olhos.

― O meu filho, não precisava disso... ― Ela começa a quase querer chorar, mas eu não consegui segurar o riso. ― Filho da mãe! ― Ela grita e me dá um tapa no braço. ― Eu já estava acreditando. ― Ela ri.

― Me mandaram tirar no serviço. ― Me controlo um pouco.

― Tem anos que não vejo sua cabeça... ― Ela olha para a minha careca.

― Que exagero... ― Me sirvo um pouco de café.

― Verdade... ― Ela se senta ao meu lado. ― Como foi ontem?

― De boa... Não faço muita coisa, apenas fico por conta de todo mundo.

― Entendi... E você já conheceu todos eles?

― Ainda não. O patrão disse que hoje irei conhecer o restante da família.

― Sim... Acho que seu tio não deve ter contado para eles que você é meu filho.

― Bem, quando ele saiu de lá, falou que ia chamar o sobrinho dele. Por um acaso eles sabem que ele é seu irmão?

― Sabem sim. Fui eu que coloquei seu tio lá dentro.

― Então eles devem ter presumido que sou seu filho.

― Verdade... ― Ela toma um pouco do seu café.

― A senhora está preocupada... ― A encaro.

― A, é que eu não saí de lá com um relacionamento muito bom com eles.

― O que aconteceu?

― A esposa dele, a Yoora... Mulherzinha ordinária ela.

― I o que? ― Eu não havia entendido o nome dela.

― Yoora, com Y. Ela é japonesa ou chinesa, não me lembro.

― Entendi. E por que não gostava dela?

― Vivia batendo no menino sem motivo, eu não gosto disso. Ele era um principezinho, tadinho... ― Ela pensa por alguns segundos. ― Ele deve ter uns dezoito anos já. Espero que não seja uma surucucu nervosa que nem o resto da família.

― A senhora tomou nojo deles. Credo.

― E como. Aqueles infelizes simplesmente resolveram voltar lá para o país da surucucu peçonhenta e me deixaram sem nada, sem seguro, sem acerto...

― Filhos da puta... ― Minha mãe nunca havia me contado isso.

― Seu tio deu sorte por ter ido com eles, mas eu fiquei aqui. Também né, seu tio é largado da vida, não tem esposa, não tem filhos...

Conflitos InterpessoaisOnde histórias criam vida. Descubra agora