Capítulo 30

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Larissa e eu estávamos sentados no ponto de ônibus. Ela estava indo a faculdade resolver algumas coisas e eu prestes a ir para o serviço, e enquanto isso conversamos sobre algumas coisas pendentes.

― Como está sua mãe? ― Pergunto, considerando que nessa altura do campeonato elas já saibam da morte do Beto.

― Jurando vingança contra quem o matou. ― Ela olha pra mim. ― Quero ver se ela irá criar coragem para enfrentar um batalhão de policiais sozinha.

― Sim.

― Ela parece que se esqueceu que tudo o que aconteceu é parcialmente culpa dele. O Beto deixou há muito tempo de ser alguém de comportamentos duvidosos para se tornar um ser humano terrível. Ele teve o que mereceu, e por isso, pouco me importo com o que aconteceu com ele. ― Ela me encara.

― Ele deixou o dinheiro subir a cabeça há alguns meses, e desde então, foi só ladeira abaixo.

― Leo, eu ouvi boatos de que ele estuprou alguém... ― Ela me encara, assustada.

― Como você ficou sabendo disso? ― Pergunto, tentando me concertar no banco.

― Uma das meninas do salão lá em cima é irmã de um dos rapazes que trabalha no morro. Ele comentou alguma coisa com ela sobre isso e disse que iria sair de lá.

― E quando você ficou sabendo disso? ― Pergunto.

― Ontem... ― Ela me olha. ― Por quê? Você sabe quem foi?

― Não. ― Minto. ― Só não esperava essa atitude do Beto. Trabalhei com ele durante anos...

― Eu sei. — Ela se cala por alguns segundos. ― Você se arrepende? ― Larissa parecia tomar cuidado com as palavras que me dizia.

― Me arrepender do que?

― Você sabe... ― Ela me encara.

― De ter trabalhado para ele? — Achei aquela pergunta estranha e fiz uma pergunta por cima para tomar coragem.

― Sim... ― Ela estreita o olhar.

― Não posso me arrepender disso, porque foi esse dinheiro que salvou a vida da minha família várias vezes. Me arrependo de coisas que eu fiz, não da visão geral do que aconteceu lá em cima.

― Leo... ― Ela olha para frente.

― Oi...

― Eu sei. ― Ela volta a olhar pra mim.

― Sabe do que?

― Do Beto. ― Ela não tirava os olhos dos meus.

― O que tem o Beto? ― Meu coração começa a acelerar.

― Eu sei sobre você e ele.

― Larissa... ― Engulo seco. ― Não é bem assim...

― Você não precisa se explicar. Eu não estou com raiva de você por causa disso.

― Larissa... ― Olho para ela. ― Como você ficou sabendo? Quando você ficou sabendo?

― Há muito tempo. ― Ela sorri. ― Eu sei há quase dois anos.

― O que? E por que só me confrontou com isso agora? ― Minha atenção estava toda nela.

― Eu não estou te confrontando com nada Leo. Só achei que não era o meu lugar. Você nunca se importou com quem eu transasse ou deixasse de transar, então eu apenas fiz o mesmo.

― Larissa... ― Olho para baixo.

― Eu não estou chateada, é sério. Eu conheço você Leo, sei que você não me traiu com ele.

Conflitos InterpessoaisOnde histórias criam vida. Descubra agora