Capítulo 27

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Meu corpo estava em cima do seu, tentando o proteger de todas as formas possíveis. Eu sabia que meu quarto não seria acertado por se localizar na parte de trás da minha casa, mas ainda assim, não queria correr o risco de acontecer um incidente e uma bala perdida acabar parando aqui dentro.

― Fica aqui... ― Eu olho para ele.

― Onde você vai? ― Asafe pergunta, com os olhos arregalados.

― Ver como minha mãe e a Leo estão...

― Eu vou com você.

― Você vai ficar quieto aí. ― O encaro.

― Leonardo... ― Ele segura minha mão.

― Eu vou voltar... ― Dou um beijo nele e me levanto.

Me abaixo um pouco e abro a porta do quarto, rapidamente correndo até o quarto da minha mãe, e ao chegar lá, percebo que ela já estava escondida debaixo da cama, como sempre fazia quando algo assim acontecia. Então eu me abaixo e olho para ela.

― Você está bem? ― Pergunto.

― Sim... ― Ela estava apavorada. ― O que está acontecendo Leonardo?

― Parece que invadiram o morro... Não é briga de tráfico... Beto não tem concorrente para se meter nesse tipo de situação...

― Meu Deus... Eu sabia que isso ia acontecer... Eu sabia! ― Ela grita.

― Fica calma... ― Me enfio um pouco mais debaixo da cama.

― Foi só ele ganhar de novo para isso acontecer... ― Ela lamenta.

― Ele ganhou? ― Me assusto.

― Sim... ― Ela me encara.

― Que merda...

― Eu ainda tinha esperança, mas agora é tarde demais...

― Meu Deus... ― Eu não sabia o que dizer. ― Eu vou ver se a Leo está bem.

― Toma cuidado Leonardo.

Depois que sai de debaixo da cama, corri para o quarto de Leo, e quanto abri a porta, a vi sentada encolhida do lado da cama, com a cabeça no meio das pernas e as mãos segurando as mesmas.

― Você está bem? ― Pergunto.

― Sim. ― Ela parecia estar. ― É o exército?

― Eu não sei...

― Isso não vai acabar tão cedo Leonardo, não enquanto eles não pegarem todo mundo.

― Eu sei Leo, por isso que estou preocupado, porque é muita gente para pegarem, e nesse meio, tem muito inocente...

― Só volta para o seu quarto e fica lá.

― Eu vou ver o que está acontecendo pela janela...

― Leonardo, sua cota de decisões burras já acabou.

― Eu vou tomar cuidado. Eu preciso saber o que realmente está acontecendo...

Saí do quarto de Leo praticamente engatinhando, e dessa mesma forma fui até a sala, e quando cheguei, vi que o vidro da janela já estava quebrado e havia cerca de quatro buracos de bala na parte da frente dessa janela, que era de ferro, então fui bem devagar até na parede e me coloquei de costas, e assim que os tiros pararam por alguns segundos, me levantei rapidamente e abri a janela, e a situação era pior do que eu pensava.

O exército havia realmente invadido o morro. Eu fui capaz de ver vários homens fardados com armas enormes nas mãos subindo, e assim como os vi, também consegui ver a desgraça que eles haviam trago junto com eles... Várias pessoas já estavam ali no chão, algumas se arrastando, cheias de medo, e outras imóveis, como se realmente estivessem mortas, e aquilo fez com que meu corpo voltasse a tremer outra vez.

Conflitos InterpessoaisOnde histórias criam vida. Descubra agora