Assim que estaciono o carro na avenida, olho para Asafe, que tentava encontrar alguma forma de me fazer desistir da provável burrada em que eu iria me meter, mas quando percebeu que não ia conseguir, só pediu para eu descer do carro. Olho para Jão dormindo no banco de trás e então faço o que Asafe disse
― Cuidado Leonardo, por favor... ― Ele me encara.
― Não precisa se preocupar...
― Mas eu me preocupo... ― Asafe me encara, e então fica vermelho. ― Eu vou te esperar amanhã. Você precisa levar o Gael para a escola...
― Eu vou estar lá, não se preocupe. ― Digo, mesmo sabendo que talvez eu não esteja. ― Até amanhã.
― Até... ― Ele assume o volante do carro.
Eu nunca subi aquele morro tão rápido em toda a minha vida. Não cheguei a correr, mas os meus passos eram cumpridos e rápidos, e somando ao fato de eu ter pegado um atalho ao ir para as ruas abandonadas na parte de trás, cheguei ainda mais rápido ao topo, e a primeira pessoa que vi quando coloquei meus olhos na entrada do beco foi Robson, que se aproximou de mim com um sorriso no rosto, só que sua boca rapidamente virou puro sangue quando dei dois socos na sua cara, o fazendo ir para o chão.
― Como você foi capaz de fazer isso seu desgraçado... ― Praticamente me sento em cima dele, mas alguns rapazes com armas nas mãos aparecem para apartar. — Vai sobrar pra todo mundo! — Grito e os vejo se afastar.
― Leozão...
― Leozão é o caralho Robson... ― Me levanto e o ergo junto comigo pela gola da sua camisa.
― Eu só segui ordens... Eu não posso fazer o que eu quiser, não sou você...
― Não interessa... ― O encaro, e percebo que ele estava com medo de mim.
― Você vai me ferrar se entrar...
― Eu quero mais é que você se ferre seu filho da puta! — Dou mais um soco em seu rosto.
― Se você subir, eles vão achar o Jão. — Ele tenta me ganhar.
― Se eu subir, Beto vai saber que você não fez o que ele mandou, e o próximo a ter um pau enfiado no cu vai ser você... ― Fico bem próximo a ele. ― Era o Jão seu desgraçado... O Jão...
― Eu sei... ― Ele diz.
― Se soubesse não tinha participado daquilo!
― Não é assim que funciona Leonardo... ― Ele fala baixo. — Eu só faço o que me mandam.
― Eu só não te encho de porrada porque estou guardando todo o meu ódio para outra pessoa. ― O empurro. ― Se for esperto, vai descer esse morro sem olhar para trás e vai desaparecer.
― Leonardo.
― O Beto vai te caçar... ― Pego o revolver da mão dele. ― Só desce o morro antes que eu mude de ideia.
Assim que empurro Robson, ele começa a descer o morro e some do meu campo de visão, e assim que ele desaparece, entro no beco sem nenhum daqueles caras me impedir, e assim que eu estava próximo da escada, vejo Pedro descendo, e rapidamente aponto a arma em minhas mãos para ele e o empurro contra a parede.
― Que isso Leonardo... Que merda é essa...
― Não se faça de desentendido seu desgraçado! ― Bato o revolver em sua cabeça.
― Leonardo... ― Ele passa a mão na cabeça e vê o sangue.
― O Jão é meu amigo... ― Coloco a arma na cabeça dele. ― Olha o que vocês fizeram com ele... ― Minha voz alternava entre a tristeza e a raiva.
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Conflitos Interpessoais
RomanceLeonardo teve tudo o que queria sendo braço direito de quem comandava a favela, mas a doença de sua mãe o trouxe de volta a realidade, lhe obrigando a iniciar uma nova vida. O racismo se torna constante logo nos primeiros dias, e lidar com essa ques...