Capítulo 16

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Minha cara estava um pouco inchada, isso é óbvio. Levei porrada por dois dias quase consecutivos e agora estou aqui, frente a esse espelho, olhando para o corte na minha boca, corte que já existia e foi aumentado pelo soco do Beto, e também olhando para o risco na minha testa, que já estava mais fechado, mas ainda assim, era um machucado. Há meses que eu não me envolvia em uma briga, e agora, duas na mesma semana. Só não sei o que esperar do restante do mês.

Após ter tomado um pouco de café, vou até o quarto da minha mãe para saber como ela estava. Balanço ela um pouco e a vejo acordar, pronta para me xingar.

― Só vim ver como você estava.

― Um pouco cansada, só isso... ― Ela diz ao olhar para mim.

― Que dia é a próxima sessão? ― Pergunto ao me sentar na cama.

― Acho que daqui há quatro dias. Por quê?

― As sessões desse mês ainda não foram pagas.

― Meu filho... ― Ela se levanta. ― Eu sinto muito por tudo isso...

― Não sinta mãe. ― Sorrio. ― Eu tenho um dinheiro guardado para isso, não se preocupe.

― Tem certeza? Eu posso tentar conseguir um empréstimo no banco.

― Não! ― Quase grito. Só de pensar em empréstimo meu corpo treme. ― Não precisa.

― Tem certeza?

― Sim. Eu não sei por quanto tempo você irá precisar fazer as sessões, mas caso eu precise de dinheiro, eu te aviso, não se preocupe.

― Tudo bem.

― Agora eu vou descer para o serviço, a noite a gente se encontra.

― Tá bom meu filho. Até de noite.

― Até.

Fecho a porta do quarto e volto a cozinha para lavar meu copo, e quando eu estava indo para o meu quarto terminar de me vestir, Leornã aparece na minha frente.

― Aqui. ― Ele me entrega um bolo de dinheiro preso com uma gominha.

― Eu prometo que vou te pagar... ― O encaro.

― Eu espero Leonardo. Eu ralei muito para conseguir esse dinheiro.

― Eu sei... Eu vou te pagar, não se preocupe.

― Tudo bem. Bom dia. ― Ele entra e tranca a porta de seu quarto.

Depois de ir a cozinha, divido o dinheiro em duas partes iguais, os enfiando dentro de sacolas separadas e as colocando atrás do guarda roupa, já que eu não tinha conta no banco ou algo parecido, achei melhor esconder em um lugar menos provável, já que aquele homem poderia entrar aqui a qualquer momento.

Assim que terminei de me vestir, só sai de casa e desci o morro em direção ao ponto de ônibus, mas não sem antes passar por mais humilhação.

― Aguarde um momento rapaz. ― Um policial fardado para na minha frente.

― Tudo bem... ― Eu paro por um momento, já que não adiantava me pronunciar.

― Documentos. ― Outro homem fardado aparece, e então me viro para ele, já que eu me recusava a enfiar minha mão no bolso para eles acharem que tenho alguma arma.

― No bolso de trás. ― Coloco as mãos no teto do carro.

― Esse aqui é treinando! ― Ele grita e começa a rir. ― Tá com medo de levar tiro? ― Ele pergunta ao pegar minha carteira.

Conflitos InterpessoaisOnde histórias criam vida. Descubra agora