Três anos depois
Era o mesmo local de sempre, uma praça escura, próxima a um prédio antigo e abandonado rodeada por pés de cerejeira quase mortos por falta de cuidado. Ali eu o aguardava, vinha sendo este lugar desde que o contratei para iniciar as investigações, um local fora da vista de todos, considerado por muitos como um ponto de encontro entre rapazes, pelo menos é o que diziam por aqui. A polícia fazia vista grossa na maioria das vezes, acho que estavam cansados de ter que sempre pegar em flagrante um casal em situação, que aos seus olhos, era grotesca, talvez por isso já nem vinham mais aqui.
Ele estava atrasado, mas foi apenas uma observação que fiz ao olhar para os primeiros flocos de neve que caiam sobre a minha cabeça, me fazendo colocar o capuz de meu casaco. Jong-su sempre alegava que tinha muito trabalho a fazer, que eu não era seu único cliente, mas eu sabia qual o motivo. O investigador que contratei para me ajudar tinha uma amante, então, quando não estava a meu serviço, ele estava em um dos dois lugares prováveis, que seria em sua casa com seus filhos ou com sua amante vinte anos mais nova. Sei desse fato porque eu precisei o seguir, para ter certeza de que ele era confiável, que não me entregaria para Yoora, já que ela o conhecia através de minha avó, que o pagou anos atrás para espionar meu avô.
Quando o vejo estacionar em minha frente, abro a porta e entro, esfregando minhas mãos e estalando meu pescoço. Mesmo estando preparado para o frio, ainda sentia que não estava agasalhado o suficiente, mas acho que era devido ao nervosismo da luta mais tarde.
— Eu estava com outro cliente. — Ele se explica e eu finjo acreditar.
— Tudo bem. Está dentro do horário permitido. — O encaro.
— Trouxe o que pedi?
— Sim. — Entrego a ele um envelope pardo com 2.140.900 wons, que equivalem a dez mil reais. — O preço vem aumentando de uns meses para cá.
— A dificuldade também. Sua mãe é uma mulher difícil de ser seguida.
— Minha mãe já não está mais aqui Jong-su.
— Me desculpe. — Ele diz e me entrega um envelope branco. — Bordeis, cassinos, salões, casas de massagens, clínicas estéticas
— Isso não me é interessante Jong-su. Eu não quero saber o que dar a ela de presente, quero formas para a destruir.
— Bem, há também fotos comprometedoras — Ele abre um meio sorriso. — Em posições que fariam qualquer garota de vinte e um anos morrer de inveja.
— Eu não quero esse tipo de detalhe. Com quem ela está nessas fotos?
— Na maioria delas, com homens comuns. Nas outras, com políticos importantes, mas em uma delas, com alguém que você não imagina.
— Com o ex-marido eu sei que não é. — Caçoo dele.
— Bem, digamos que Yoora anda passeando pela própria árvore genealógica.
— O que? — Eu perguntei, já que não entendi perfeitamente o que ele quis dizer.
— Ela e o próprio irmão, em um dos bordeis. — Ele tira a foto de dentro de seu paletó e coloca sobre minhas pernas, e um arrepio se apossa de meu corpo.
Minha mente entrou em uma espécie de curto-circuito momentâneo. Eu via ali, sob a minha perna esquerda, uma fotografia em que haviam três pessoas. Uma delas era um rapaz de cabelos loiros, deveria ter a minha idade, por volta dos vinte e dois. O outro ali presente era o irmão de Yoora, que tinha suas mãos dentro das calças do rapaz, e a outra pessoa era ela, a que se dizia minha mãe. Yoora tinha uma parte íntima sendo tocada pelo próprio irmão enquanto o via beijar aquele rapaz, mas essa não era a única foto.
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Conflitos Interpessoais
RomanceLeonardo teve tudo o que queria sendo braço direito de quem comandava a favela, mas a doença de sua mãe o trouxe de volta a realidade, lhe obrigando a iniciar uma nova vida. O racismo se torna constante logo nos primeiros dias, e lidar com essa ques...