Asafe e Gael estavam na parte de trás do carro, já Elias me olhava torto enquanto se acertava na poltrona ao meu lado.
Depois de dias ele finalmente voltou a trocar palavras comigo, talvez por medo de que eu não facilitasse as coisas para ele sabendo de tudo o que eu sei, ou simplesmente pelo fato de ter confiado em mim, e só de pensar na segunda opção sinto vontade de rir. Ele provavelmente estava morrendo de medo que eu desse com a língua nos dentes, e por isso resolveu fingir que nada aconteceu.
Quando estaciono na frente da prefeitura, Elias se vira para mim, medindo as palavras, e alguns segundos depois, finalmente se direciona a mim.
― Deixa os meninos em suas escolas e depois volte para a prefeitura.
― Tudo bem. ― Digo ao observar descer do carro.
― Cuidado com eles. ― Ele diz, o que me soa estranho, mas apenas respondo.
― Não precisa se preocupar com isso Elias. ― Acho que minhas palavras o deixaram aliviado.
Assim que ele entra, Asafe me olha pelo retrovisor e eu conseguia ver o questionamento em seu olhar, coisa que eu também tinha. Elias nunca havia me dito algo do tipo, ou se comportado daquela forma, e eu não fazia a menor ideia de o porquê ele estar se portando dessa maneira, apesar de eu ter minhas suspeitas relacionadas a Yoora. Talvez ele esteja reconhecendo o monstro com o qual se casou, ou talvez ele seja com medo de alguém próximo a ele, alguém que ele lesou, se vingasse através de seus filhos, e por isso pediu para que eu tivesse cuidado com os dois, e independente da primeira ou segunda opção, eu iria obedecer a suas ordens, porque no banco de trás daquele carro se encontravam duas das pessoas mais importantes da minha vida.
Depois de descer com Asafe para deixar Gael na escola, que antes de entrar pulou no meu colo e me abraçou, nos dirigimos a academia onde ele praticava sua luta, e ficamos parados ali no estacionamento sem dizer uma palavra, mas acho que em nossa mente pairava a mesma pergunta.
― O que você acha que aconteceu? ― Pergunto.
― Para o deixar preocupado, boa coisa não é. ― Asafe me olha.
― Imaginei... Talvez seja um de seus sócios, principalmente aquele que trabalha ao lado dele.
― O Marcos...
― Isso. Pelo que já ouvi da conversa dos dois, eles são cúmplices, então talvez Marcos esteja planejando alguma coisa contra Elias.
― Não sei. Os dois são bons amigos.
― São?
― Sim. Elias o conhece há anos, desde antes de se casar com Yoora...
― Não sabia... ― Olho para algumas pessoas passando ao lado do carro e olhando para dentro. ― Conhece?
― Frequentam a academia. ― Ele faz uma cara estranha.
― E por que essa cara?
― São filhos de policiais... ― Asafe se vira para mim.
― Asafe...
― Um deles é filho do delegado, e não sei como, ficou sabendo do que aconteceu, pelo menos da versão que eu contei, e parece que ele não ficou feliz com o ocorrido, assim como os amigos dele.
― Eles fizeram alguma coisa com você?
― Ainda não. ― Ele parecia não estar muito preocupado.
― Asafe, você tem que tomar cuidado com esse tipo de gente, ainda mais eles sabendo o que você fez... Bem, o que eu fiz, mas para eles foi você.
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Conflitos Interpessoais
RomantizmLeonardo teve tudo o que queria sendo braço direito de quem comandava a favela, mas a doença de sua mãe o trouxe de volta a realidade, lhe obrigando a iniciar uma nova vida. O racismo se torna constante logo nos primeiros dias, e lidar com essa ques...