Eu havia saído de casa bem cedo para ser um dos primeiros na fila de atendimento, já que eu ainda precisava chegar ao serviço no horário, então simplesmente aguardei a única pessoa que havia chegado em minha frente ser atendida para que eu pudesse entrar e fazer o exame.
Ao ser chamado, acompanhei a moça de jaleco branco e me sentei numa cadeira confortável que estava ao lado de um balcão mais baixo.
― Estenda o braço. ― Ela pede. ― Agora feche o punho... ― Ela sorri.
― Tudo bem.
Ela começa a dar leves tapas com dois de seus dedos em meu braço para encontrar uma veia, o que não demorou muito. A vi pegar um algodão e o molhar com álcool e passar no local, e em seguida introduziu a agulha acoplada a um recipiente aberto.
― Pode abrir... ― Ela pede.
Ela pega um frasco de vidro e acopla no recipiente verde que tinha a agulha e meu sangue começa a encher o vidro. Ela faz isso mais outras três vezes, e assim que terminamos, ela colocou um pequeno adesivo onde havia perfurado e o contraste ficou gritante.
― Infelizmente ainda não temos em todos os tons de pele...
― Sim... ― Olho para o pequeno curativo. ― Mas ainda iremos conseguir esse feito, assim espero.
― Tomara. ― Ela sorri e me entrega um papel. ― Fica pronto em uma semana.
― Tudo bem. Obrigado.
― De nada meu anjo.
Depois de sair da clínica vou até o ponto para pegar outro ônibus, e nesse meio tempo como um saquinho de pão de queijo que havia comprado na padaria no caminho, já que eu estava de jejum há algumas horas.
Não demorou muito para o ônibus chegar e me deixar na casa, com dez minutos de atraso, mas pelo menos cheguei.
Ao entrar vou direto para o escritório de Elias, que estava de portas abertas, e mesmo assim bati na porta e o vi se virar para mim.
― Bom dia. ― Ele diz.
― Bom dia... ― Estreito os olhos.
― Vamos descer nós quatro hoje. Preciso resolver alguns problemas na igreja e na prefeitura e os meninos têm aula pela manhã.
― Tudo bem.
― Chame Asafe e Gael, por favor.
― Sim.
Estranho o bom comportamento dele e saio pela porta, indo em direção as escadas. Encontro Asafe as descendo com seu irmão, e sem cerimônia nenhuma ele me dá um selinho, o que faz Gael rir, e então descemos juntos.
― Elias está bonzinho de mais hoje. Achei estranho.
― Está é? ― Asafe sorri.
― Me tratou com educação e tudo.
― Eu espero que ele continue assim e que isso não seja uma situação passageira.
― Eu também espero. ― Digo.
― E Leonardo... ― Ele se aproxima do meu ouvido. ― O combinado de ontem ainda está de pé? ― O sinto sorrir.
― Com certeza. ― Sorrio cheio de malicia.
― Ótimo. Vou dar duro no treino hoje...
― Eu amo o cheiro do seu suor.
― É bom saber disso... ― Ele sorri e caminha na frente com o irmão.
Quando Elias se junta a nós, caminhamos até o carro e saímos da garagem. O primeiro que deixamos foi Gael, que se despediu de nós três com um abraço em cada um, e em seguida deixamos Asafe na escola de música, que agora ele parecia gostar sem esforço algum, e antes que ele pudesse descer do carro, me sorriu pelo retrovisor e eu fiz o mesmo, e acho que Elias percebeu, mas não falou nada, apenas olhou para a rua.
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Conflitos Interpessoais
RomanceLeonardo teve tudo o que queria sendo braço direito de quem comandava a favela, mas a doença de sua mãe o trouxe de volta a realidade, lhe obrigando a iniciar uma nova vida. O racismo se torna constante logo nos primeiros dias, e lidar com essa ques...