Capítulo 12

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Por volta das uma da manhã, começo a rolar pela cama. Era a terceira vez que meu telefone estava chamando, e não adiantou ignorar como das outras vezes, porque quando a terceira ligação se encerrou, uma outra se iniciou, e me dando por vencido, estico o braço e tateio o móvel ao lado da cama a procura do meu celular, e assim que o pego, atendo a ligação.

― Alô... ― Digo, ainda de olhos fechados.

― Leonardo, eu estou ligando para lhe dar um aviso. ― Era Elias, que saco.

― Pois não... ― Saio debaixo das cobertas e me sento sobre a cama.

― Na próxima madrugada eu estarei de viagem com minha esposa. Iremos participar de um seminário em outro estado e ficaremos fora por dois dias, então preciso de alguém para nos levar ao aeroporto.

― Sim... ― Coço meus olhos.

― Nosso voo está marcado para as três e meia da manhã, então preciso sair de casa no máximo uma hora antes.

― Entendi. E como eu faço para chegar em sua casa nesse horário? Não tem ônibus a essa hora...

― Eu pedi Rosário para que organizasse o quarto de empregada ontem a tarde um pouco antes de sair com você, e acabei esquecendo de lhe avisar.

― Sim... Então eu dormirei ai?

― Sim. Eu não posso me dar ao luxo de contatar um Uber ou chamar um Táxi, não com essa onda de crimes que está acontecendo por aqui, por isso preciso que você mesmo me leve.

― Tudo bem. ― Quando se trata dele, tudo bem ter medo né, mas se for com os outros.

― E você pegará serviço normalmente. Só irá nos deixar na rodoviária e voltará para a minha casa.

― Eu entendi.

― Então tudo bem.

Ele simplesmente desliga o telefone na minha cara, e sem nem dar muita ideia para o ocorrido, coloco o celular no móvel outra vez e volto a dormir.

Quando acordei, um pouco antes de ir para o serviço, coloquei algumas roupas na mochila e alguns produtos também, como xampu, sabonete, desodorante, perfume, tudo o que eu geralmente uso durante e após o banho, porque eu não tinha certeza de que poderia usar os da casa, então preferi prevenir.

Depois de tudo pronto, passo no quarto da minha mãe e a acordo, já que não voltaria essa noite.

― Mãe... ― Cutuco ela, que começa a falar alguma coisa.

― Que foi menino... ― Ele fala.

― Não vou dormir em casa hoje.

― E por que não? ― Ela abre os olhos.

― Elias quer que eu o leve no aeroporto de madrugada.

― E por que ele não pega um táxi?

― Está com medo dessa onda de violência. ― Sorrio.

― Pimenta no dos outros é refresco né...

― Pensei a mesma coisa... Você está bem?

― Sim. Desde a última sessão que estou melhor.

― Entendi. Tá na hora de procurar uma faxina então hein, tá muito atoa.

― Não enche Leonardo. ― Ela sorri. ― Se eu já tinha pouca oportunidade antes, careca e magra desse jeito terei menos ainda. Assim que eu estiver melhor vou dar um jeito. Tenho minhas economias para usar até lá.

― Sim... ― Dou um beijo na testa dela. ― Qualquer coisa liga pra Larissa ou então pro tio.

― Se eu soubesse onde ele está...

Conflitos InterpessoaisOnde histórias criam vida. Descubra agora