Capítulo 15

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Eu havia acabado de voltar de mais um dia de serviço. Para a minha surpresa, Leornã tinha chegado praticamente junto comigo e estava na cozinha fazendo alguma coisa para comer. Acho que sua não havia sido muito produtiva.

Fiquei tentado em puxar papo, mas desde a última, meu irmão nem sequer olha na minha cara. Age como se eu não estivesse no mesmo ambiente, mesmo eu estando nitidamente encarando, esperando que mantivéssemos pouco contato visual.

― Eu preciso conversar com você. ― Eu digo, mas sou ignorado. ― Leornã...

― Eu não tenho nada para falar com você Leonardo, já te avisei.

― É importante... ― Me levanto do sofá.

― Eu ainda não esqueci o que aconteceu. ― Escuto as palavras saírem de sua boca enquanto mexia em alguma coisa no fogão.

― Você está vendo esses cortes no meu rosto? ― Entro na frente interrompendo seu percurso até a geladeira. ― Ele fez isso comigo há dois dias.

― Você se envolveu com ele porque quis.

― Eu não tinha outra escolha.

― Sempre temos escolhas. ― Finalmente nos encaramos.

― Você não pode me dar lição de moral sobre escolhas Leornã, já que a forma que arrumou para conseguir dinheiro não é tão convencional assim... ― Digo, mas percebi que peguei pesado de mais.

― Você não sabe nada sobre a minha vida.

― Para de andar. ― Seguro seu braço. ― Eu realmente preciso conversar com você. Sinto muito pelo que aconteceu, mas eu preciso da sua ajuda Leornã, por favor. ― Digo.

― Eu só vou me dar a esse trabalho Leonardo, porque você foi quem pagou meu silicone, e eu ainda levo isso em consideração... ― Vejo seus olhos revirarem.

― Obrigado... ― Digo e resolvo ir direto ao assunto. ― Como eu sei que você não é uma pessoa burra, deve ter percebido que eu estou devendo dinheiro para ele.

― Sim, eu percebi.

― Da primeira vez eu peguei com o Beto para pagar aquele homem... ― Antes de terminar, sou interrompido.

― Você pegou dinheiro emprestado para pagar um empréstimo? Ainda mais com o Beto?

― Eu já paguei o Beto. ― Minto, pois com Beto eu me resolveria depois.

― Imagino... ― Sua suspeita era visível. Provavelmente achou que fui vender ou alguma coisa parecida.

― A questão é que o dinheiro que o Beto me deu é roubado, então isso... ― Aponto para o corte na minha cabeça. ― É resultado dessa confusão.

― Onde você quer chegar com essa história Leonardo?

― Eu preciso de dinheiro...

― Então é isso... ― Sou empurrado contra o armário da cozinha. ― Você quer se endividar ainda mais?

― Leornã, eu estou fudido! O único dinheiro que tenho é o que guardei para o tratamento da mãe, e eu não posso ficar tirando...

― Eu não acredito nisso...

― Eu estou trabalhando, mas eu recebo quase mil e trezentos por mês, e a porra do meu empréstimo não foi divido em doze vezes no banco. Não tenho como juntar para pagar o cara. Ele vem cobrar em duas semanas.

― Eu não tenho dinheiro pra esse tipo de coisa Leonardo.

― Eu não tenho como arrumar dez mil Leornã! Se eu tirar do tratamento da mãe, como vou pagar a quimioterapia? Você não tem ajudado muito... ― Resolvo jogar isso na sua cara.

Conflitos InterpessoaisOnde histórias criam vida. Descubra agora