Quando levantei da cama, já era por volta do meio dia. Foi bom eu ter esse domingo de folga, porque mesmo sendo apenas vinte de quatro horas, dava para descansar um pouco daquela família.
Levantei uns vinte minutos depois e já abri a janela, deixando o sol entrar no meu quarto para refrescar um pouco, já que desde quando comecei a trabalhar, a janela ficava praticamente fechada todos os dias, então foi bom deixar a luz do dia entrar um pouco.
Como já estava dando quase uma hora e nem sinal da minha mãe, resolvi começar o almoço. Lavei três copos de arroz e coloquei um pouco de feijão para cozinhar junto com uma beterraba. Enquanto deixei o arroz secando, fui na geladeira ver se tinha carne para descongelar, mas não havia, então optei por fazer um omelete depois de tudo pronto.
Coloquei também um pouco de batata para cozinhar num caneco e esperei o fogão fazer o resto.
Uns quarenta minutos depois, quando o feijão já estava cozido, fiz o arroz e afoguei o feijão. A batata que havia cozinhado eu amassei e fiz um purê com ela, e a beterraba eu só piquei em rodelas e coloquei em uma vasilha. Após tudo estar pronto, quebrei uns seis ovos e piquei um pouco de cebola neles e ralei um pedaço de queijo que estava dentro da geladeira, e após temperar, peguei a frigideira para fazer os três omeletes, que rapidamente ficaram prontos.
Depois de ter lavado todas as vasilhas que sujei, fui para o banheiro tomar um banho, e devo ter ficado lá dentro uns vinte minutos debaixo daquela água fria, já que com esse calor, nem o morno do chuveiro dava para aguentar, não nessa hora da tarde.
Assim que troquei de roupa, peguei meu telefone e liguei para a minha mãe, que atendeu quando a ligação já estava quase caindo.
― Já acordou? ― Ela pergunta.
― Claro que não. ― Sorrio.
― Vou te dar um soco menino... ― Ela me ameaça.
― Que agressividade é essa gente, credo... ― Começo a rir.
― O que você quer? ― Ela pergunta.
― Saber onde a senhora está.
― Eu acabei de votar, e agora estou na casa de uma amiga minha.
― Não vai fazer almoço pro seus filhos não? ― Seguro o riso.
― Você sabe cozinhar Leonardo, se vira... ― Ela ri.
― Nossa... ― Sorrio ― Estou brincando com você, eu já fiz o almoço. Liguei pra saber se você vai almoçar em casa.
― Não, eu já comi aqui.
― Vou comer sua omelete então.
― Divide com sua irmã, guloso. ― Mais uma vez minha mãe me superando quando se trata de saber usar as palavras.
― Tá... ― Digo, pensativo. ― Como você está conseguindo? ― Pergunto.
― Conseguindo o que?
― Você disse irmã...
― Sim... ― Ela para por um momento. ― Eu escutei uma conversa na minha última quimioterapia. Eu estava de olhos fechados, mas não estava dormindo, então ouvi tudo o que ela e Diogo conversaram, então tive que começar a me retratar. O que mais eu posso fazer né.
― Sim... Eu continuo chamando ele de irmão e Leornã. Eu sei o que está acontecendo, sei o que tudo isso envolve, mas estou tendo um pouco de dificuldade.
― Eu estou me policiando muito, por isso estou conseguindo. Acho que é mais complicado para a família Leonardo. Nós convivemos juntos há vinte e cinco anos, então é normal que tenhamos certa dificuldade em usar as palavras certas, mas a gente consegue.
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Conflitos Interpessoais
RomansLeonardo teve tudo o que queria sendo braço direito de quem comandava a favela, mas a doença de sua mãe o trouxe de volta a realidade, lhe obrigando a iniciar uma nova vida. O racismo se torna constante logo nos primeiros dias, e lidar com essa ques...