Um Amor Adolescente

• capitulo 33 •

LILITH

Na sexta, depois daquele momento no ambulatório, nós não conversamos mais. Passei o dia achando que talvez ele me ligaria ou até mandasse uma mensagem, mas nada.

Não quis dar por vencida então também não mandei nada, fazendo com que ficássemos sem comunicação durante o fim de semana.

Hoje é segunda, e para variar, Madi não veio; disse que ontem passou o dia com o Harry, e que hoje estaria cansada, mas eu sei que isso é apenas uma desculpinha para não vir à escola.

Estou sentada embaixo de uma árvore no pátio, terminando de desenhar.

Como acabei perdendo o horário, cheguei atrasada, então vim ao pátio e terminar meu desenho enquanto escuto música.

Sempre amei desenhar, e quando via os desenhos da minha mãe, a minha vontade de aprender só aumentava.

Nunca fiz algum curso, ia tentando e aprendendo sozinha. Meu estilo favorito é o realista, como desenhar o rosto das pessoas; amo observar cada traço e expressar isso no papel.

Perdida em meus pensamentos e nos rabiscos na folha, me assusto com a sombra de alguém na minha frente.

Rapidamente, como reflexo, guardo as folhas na pasta e tiro meu fone, levanto o olhar.

Automaticamente sinto minhas bochechas esquentarem. Será que ele viu?

Ali estava a pessoa que me ignorou o fim de semana todo. Ele está aqui, de pé na minha frente; e muito bonito!

Cole está usando uma calça preta, um moletom branco com alguns detalhes em vermelho e preto. Em seu pescoço se encontram duas correntes, sendo uma mais larga e outra mais fina, um brinco e como sempre, sua fina argola no nariz, já no pé, seu tênis casual.

Ele está com a mochila apoiada em seus ombros e as suas mãos, cheias de anéis, apoiadas na alça, fazendo com que ele fique em uma posição que pareça uma criança, deixando-o super fofo.

_ O que estava fazendo ai? Escondeu tudo - deu uma risada nasal - Fazendo algo de errado Sra. Mars? - perguntou enquanto se agacha e senta ao meu lado.

_ Fazendo nada demais - dou de ombros, um tanto desconfortável, já que nunca falo sobre esse meu lado de desenhar. Ele me olha com as sobrancelhas erguidas e eu reviro os olhos. - Eu... eu estava desenhando. Cheguei atrasada e vim aqui para fora. Porque você não está na aula? - falo tudo um pouco rápido para que ele não entenda tanto, e apenas responda a pergunta.

_ Despertador não tocou - deu de ombros - Mas não troca de assunto não! Você estava desenhando? Que top! Me mostra vai! - fez bico, mas logo desmancha - Se não mostrar, eu mesmo pego - ele fala com um sorriso sacana enquanto aponta para a pasta no meu colo.

Reviro os olhos pegando a pasta, debaixo dos olhares curiosos ao meu lado.

Sem que ele possa  ver muito as folhas, pego um papel qualquer, apenas foco em não pegar o desenho de alguns minutos atrás.

Quando levanto o papel, percebo ser justamente o desenho que fiz da minha mãe.

Uns dias atrás, de tanto que fiquei olhando para a foto dela, acabei decidindo desenhá-la; eu achei que o resultado final não ficou tão bom quanto esperava.

_ Uou! Você que desenhou? - Cole pega a folha da minha mão com o olhar um tanto encantado, fixados no papel. Depois de analisar, ele vira o olhar pra mim. - Ficou muito bom! - faço uma careta, discordando da sua fala  - Ah, para vai! Está demais isso! - ele fala e inclina um pouco do meu lado batendo seu ombro de leve no meu - Vou querer que você faça um meu depois hein? - ele fala risonho, e eu apenas dou uma risada sem graça - Mas e ai, essa é a sua mãe? - Cole pergunta, e eu fico surpresa, já que nunca havia falado ou até mostrado uma foto dela.

_ Sim! - falo com um leve sorriso no rosto, já que sempre que falo sobre minha mãe, me traz uma felicidade e uma paz, mas acabo fazendo-o uma pergunta - Como você sabe?

_ Não sei se você tem espelho em casa, mas vocês duas são bem parecidas! - da uma risada e eu o acompanho. Meu pai sempre dizia que eu e minha mãe somos tão precisas fisicamente quanto na personalidade - Ela é linda.

_ Era - o corrijo, com um sorriso triste enquanto olho para ele; e tenho certeza que com os olhos marejados também, já que minha visão começa a ficar embaçada, mas seguro para não chorar.

_ Oh, desculpa Thi! - sinto ele ficar desconfortável, pois coça a nuca e se mexe do meu lado.

_ Não precisa se desculpar, não tinha como você saber! - dou um sorriso cúmplice para ele, e balanço minha cabeça, como se afastasse meus pensamentos - O nome dela era Chloe.

_ Lindo o nome! - ele fala, e sorri, eu apenas assinto ainda sorrindo.

_  Agora vamos, porque daqui a pouco bate o sinal já! - guardo as coisas e me levanto, estendo a mão para poder ajudá-lo.

O puxo para cima, mas quando ele levanta, perco o equilíbrio, fazendo eu cair na grama; como estou de mão dada com ele ainda, ele acaba caindo e ficando por cima de mim.

Ficamos nos encarando por um tempo, ele levanta sua mão em direção a minha bochecha e fazendo um leve carinho no local.

Quando ele afirma sua mão em meu rosto, vai se aproximando mas antes mesmo de chegar mais perto, o sinal toca, fazendo acordarmos do nosso transe.

Ele rouba um selinho rápido, fazendo eu ter que conter um sorriso no rosto.

_ É... Vamos? - quando ele levanta, percebo suas bochechas mais rosadas que o habitual, e ele coça a nuca.

_ Vamos - já de pé, o respondo e abraço sua cintura de lado, nos guiando para dentro da escola.