Capítulo 3

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Aurora passou pessimamente a noite, ela sentiu como se fosse um pneu furado e para cada lado que ela virava mais ar saía do seu corpo. Ela mataria Blackwood, aonde quer que fosse carregaria com sigo uma pílula de laxante e ia fazer com que isso acabasse dentro dele de alguma forma.

O encapetado sabia que ela tinha intolerância e que ficava muito envergonhada com os gases, da primeira vez que aconteceu eles estavam no primário e quando todos começaram a rir dela ele só começou a correr gritando enquanto a arrastava pelo braço. A memória a fazia sorrir, ela sentia falta daquele garotinho, também foi naquele dia que Aurora se apaixonou por Dylan Blackwood.

Ele não era fofo sempre, na verdade, era um monstrinho endiabrado, ela só podia pensar que gostava de sofrer. O menino fazia da vida dela um inferno, mas sempre a acompanhava até o carro do pai na saída da escola, sempre sorria para ela quando ela passava por ele e sempre, por mais ruim que estivesse a situação entre eles, ele sempre levaria um bolinho de canela com gotas de chocolate no aniversário dela.

Então quando eles estavam na terceira série do fundamental e uma menina metidinha lhe entregou uma carta com corações, ela soube por sua raiva que estava amando Dylan. O amor não durou muito depois daquele dia, não depois do que o mal-amado fez com ela.

Ela nunca ficou brava com o menino pelas péssimas brincadeiras, irritada, sim; mas ela não levava para o coração, pois sua crença de que ele era um bom menino era maior. Dylan Blackwood, no entanto, não era um bom menino, ele foi a causa de ela evitar sair de casa e de ter depressão por boa parte da adolescência e ele fez isso por pura maldade.

Ela queria que ele fosse o garotinho rechonchudo que importunava a vida dela e que fizesse isso para sempre, se isso evitasse ele ser o que era hoje.

Ela amava o menino, mas odiava muito mais o homem que ele se tornou.

E por isso Aurora não tinha dó dele e quando se arrumou para o trabalho na manhã de sábado pegou cinco pílulas de laxante e se dirigiu a empresa.

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Sentada em sua mesa branca e cercada por suas paredes coloridas em tons pastéis, Aurora tentava compreender o que acontecia na sala do seu inimigo. Não sabia quais dos tios haviam construído o local nos quais as portas não ficavam de frente uma para outra, mas queria uma explicação, pois naquele momento isso estava dificultando muito sua vida.

Pensando bem, bendito seja quem criou o projeto, pois olhar o dia inteiro para Dylan seria uma tortura. Não que o moreno não agradasse os olhos de uma mulher, o problema é que ela odiava admitir que ele agradava.

Ele era alto e seus dias de academia trouxeram sua glória, seus cachos curtos davam um toque a sua postura e as sardas que eram da exata cor dos olhos dele, "um marrom brilhoso difícil de explicar, é como se uma vela pequena tentasse iluminar um quarto fechado, esses olhos e essas sardas bem, bem..."

Aurora achou melhor abandonar os pensamentos, pouco importava o exterior do fruto podre. Ela se levantou e foi passear pelo corredor como quem não queria nada.

O dito cujo estava pianinho pela manhã, ele nem tomou café na cozinha da empresa, nem nada. Também depois da baixaria da noite passada ele teria que agir como um santo mesmo, por um momento Aurora quase teve um AVC pensando que o homem pediria sua mão.

É claro que ele não seria tão estúpido, porém o medo de ela dizer sim devido a um colapso mental momentâneo era o que a estava deixando louca.

"Eu não seria tão imbecil ao ponto de dizer sim.", ela se repetiu isso a noite toda enquanto rolava e liberava os gases causados pela razão da insônia.

O ódio tem seu tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora