Capítulo 6

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Ferraz conseguia ser insuportável quando queria, era sem noção e gostava de viver perigosamente. Mas Dylan não se meteria mais, ele não iria interferir caso o amigo resolvesse fazer sei lá o que com Aurora. "Não vai dar certo." A ideia de algo do tipo acontecer era insano.

O que o consolava era o anjo chamado Michele, "ela é amiga da besta? Sim, mas ninguém pode ser perfeito". Michele entrou na vida de Aurora quando eles estavam saindo da infância, ela era meio impulsiva e as vezes falava demais, porém tinha um bom coração.

A maioria das pessoas achavam que ela era parente dos Blackwood, pelo tom escuro da pele e por ser tão bem tratada por ambas famílias, mas a realidade é que não dava para tratar mal Michele. E agora ela havia conseguido com que Dylan gostasse mais ainda dela, com toda sua beleza e flerte Ferraz ficou falando sobre ela até a hora do almoço.

Michele poderia agarrar o amigo e levá-lo a igreja mais próxima se isso fosse o fazer feliz e o tirasse do encalço de Aurora, ele jogaria arroz nos dois de bom grado. Mais tarde ele falaria com o pai sobre a chefe do RH ir verificar o pessoal da elétrica, fazer uma avaliação, ter uma mesa lá, algo do tipo.

Ainda hoje ele tinha que analisar os projetos cotados para o novo hotel no sul do país, tinha que começar os cálculos e passar a base para sua equipe até amanhã, se ele saísse hoje do escritório estaria no lucro.

O pai sempre gostava que o filho fizesse a base dos projetos, já que ele gostava dos detalhes da finalização. Na família dele tanto o pai como a mãe seguiram o ramo da construção civil como especialidade, mas diferente dele e do pai, a mãe ainda tinha a parte de engenharia florestal no currículo, claro o país era cheio de florestas então a empresa precisava de um, e agora tinham dois já que Daniel seguiu esse ramo também.

Só de pensar em quanto essas especializações extras tiraram a mãe dele, quanto tempo o pai deixou de voltar para casa por isso... ele se ressentia, ele tentava não sentir isso, porém não conseguia. Os pais tinham inúmeros funcionários e não delegavam as funções, pior eles delegaram os filhos para os outros criarem.

Dylan sabia que os pais o amavam, mas ele queria ter visto esse amor não apenas sentido de longe. Ele queria ter vivido o sentimento.

Mas o passado é passado e importante era o agora, então Dylan se focou nos desenhos a frente e começou a fazer alguns cálculos.

Não demorou muito para ser interrompido.

— Com licença chefinho. — Gabriela. — Trouxe uns relatórios para você.

Ela deu uma risadinha afetada, enrolou uma mecha de cabelo que estava solta do seu penteado e se sentou na cadeira de frente para mesa dele.

"Por que mandaram a Gabriela?" Ele deu uma risada forçada e a encarrou para que ela percebesse que ele não a havia convidado a entrar e muito menos se sentar.

A loira era uma típica "ex" perseguidora, o grande detalhe era que ela nem era ex dele, ele nunca deu nem bom dia para ela e ela insistia em estar em todo canto que ele fosse.

— Muito ocupado? — "Dai-me paciência" Ele acenou concordando.

— Eu preciso verificar isso com você, eu vou esperar aqui até que termine. — Ele não podia acreditar, ela encostou-se na cadeira e cruzou as pernas deixando que o vestido subisse no processo. "Bonita? Sim, porém louca e psicótica demais para se envolver."

— Vou demorar muito, pode deixar que vejo depois. — Ele voltou a atenção aos papeis espalhados na mesa.

— Sem problemas, leve o tempo que precisar. — "Senhor!"

O ódio tem seu tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora