Capítulo 14

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Nem todo remédio do mundo poderia livrar Dylan de sua dor de cabeça, o suco de laranja e o pão com manteiga foi o bastante para embrulhar o estômago dele naquela manhã.

Depois de voltar para o quarto com mais perguntas do que já tinha e sem as respostas das quais foi em busca, o moreno apagou. A Bisa o acordou cedo, assim o presenteando com um sorriso que pela primeira vez não aqueceu o coração dele.

Pela primeira vez na vida ele percebeu que a pessoa que ele mais amava no mundo era estranha para ele. Ele não sabia nem 1% a respeito dela.

— A Bisa me contou que vamos ir de avião grande, é verdade papai? — Sua pequena maldição perguntou.

— Não.

— Dylan. — O homem respirou fundo, era engraçado como a voz de Aurora o irritava sem motivo aparente. — A Bisa nos comprou passagens na classe econômica.

O ar expirado saiu do fundo da alma carregando seu desgosto.

Ele não era uma pessoa fresca com toda certeza, mas isso só podia ser uma piada.

— Não vamos ir para um aeroporto com esses três diabinhos na cola! — Se ele pudesse ir ao futuro, certamente se chutaria por ser tão estúpido.

— Ora! As crianças são dos dois, vocês que se virem. Preciso do avião da empresa para resolver as questões que vocês me meteram. — Lhe entregando os documentos recém-produzidos, a velhinha o olhou com desapontamento. — Não fale assim de suas bênçãos, nunca mais, entendido?

As sobrancelhas se arquearam sem o consentimento dele, do mesmo modo que a mão de sua bondosa bisa se enlaçou no lóbulo da orelha direita dele, a puxando levemente pra baixo.

— Entendido?

— Sim senhora. — Ele sorriu com a cena que o lembrou de muitos momentos da infância.

A Bisa jamais o castigaria fisicamente, diferente do pai e da mãe que o punia inúmeras vezes com tapas e puxões, a velhinha sempre foi muito paciente com o pequeno atentado e quando queria chamar a atenção do menino ele fingia estar o castigando, mas nunca havia conseguido fazer nada além de carinho.

"Quem é você Bisa? Sem saber quem você é, não posso saber nem quem sou, como pode fazer isso comigo?"

— Por favor, minhas crianças, cuide bem dos seus pequenos. Sinto muito por tudo, eu e o seu biso, Aure; nós criamos nossos filhos para o dom, para gerir essa empresa; e eles fizeram o mesmo com os filhos deles. Maxon só entendeu como errou no fim e aí já era tarde demais para arrumar. Sinto muito pelos pais de vocês, pela criação que tiveram, mas por favor não criem os seus pequenos para o dom, os criem para amar e serem amados. — Sua velhinha passou a mão sobre os olhos enxugando-os.

— Não diga isso Bisa, nossos pais são ótimos, eles nos criaram muito bem e vovó e vovô também fizeram o melhor por nossos pais, tenho certeza. Você fez um bom trabalho Bisa, se orgulhe. — As palavras de Aurora causaram um sorriso na mais velha.

Mas Dylan sabia que a mulher não se permitiu acreditar nas palavras.

"Você deveria acreditar, velhinha. Temos o melhor graças a você." Os pais não eram perfeitos, mas eram o melhor que conseguiam e isso contava muito para o homem.

— Ok, me dê um abraço meu pequeno amor e vá, se lembre de ser um bom marido e você... — ela apontou para Aurora — seja uma boa esposa, e os dois bons pais, e meus pequeninos obedeçam ao papai e a mamãe. Não se esqueçam de nada do que eu disse.

Ela o abraçou e ele soube que irrelevante ao que ela tinha em segredo, ela era sua Bisa. Ela era o ser bom que ele sempre quis imitar e se tinha alguém errado nessa história não era ela.

O ódio tem seu tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora