Capítulo 7

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Ela respirava com dificuldade, conseguia sentir seu coração pulsando em todo corpo, suas lágrimas caiam e o armário parecia menor de tão encolhida que ela e os irmãos estavam. Então de repente tudo ficou muito claro, muito bagunçado, muito diferente.

Mad abriu os olhos e não reconhecia onde estava, o terreno vazio no meio da rua sem muito movimento era estranho. O mato alto do lugar começou a pinicá-la e só então ela se deu conta de seus irmãos, ainda atarracado em seu braço direito Max tremia e chorava baixinho com a bolsa da mãe no colo, e em seu colo a pequena Mary estava dormindo um sono muito profundo. "O que você fez Mary?"

A pequena olhou ao redor e viu que conhecia a rua, era a rua da sua casa. Na verdade, eles estavam onde sua casa deveria estar. "Será que a casa voou como no filme da Doroti?"

"Não." Ela sabia que casas não voavam e nem havia tornados em Acácia.

— Max, Max! Olha pra mim menino! — Ela chacoalhou o garoto até que ele se desgrudasse dela. — Estamos em casa, mas nossa casa sumiu, você lembra de alguma coisa?

Ela estava em pânico e o irmão percebeu. Podia ter tentado esconder seus sentimentos, mas não era boa nisso. E, na verdade, não se preocupava com a casa e sim com quem tinha ido com ela para Deus sabe onde.

— Eu, eu, eu vi Mary tocar na pedra do armário e, e nada depois. Fizemos a casa desaparecer Mad?

— Não... acho que não. — Ela esperava que não.

As casas da rua estavam lá, algumas muito diferentes de antes. A mais velha se levantou do chão com a bebê nos braços e observou, tudo parecia normal até que viu uma placa anunciando ofertas "o melhor preço na tabela do ano" embaixo o ano a assustou.

— 2023! — Ela falou alto cuspindo o cabelo da irmã que entrou na sua boca no processo.

— O quê? — O irmão, sem entender, se levantou com todo esforço para manter a pesada bolsa da mãe fora do chão.

— A placa, olha ali! — Ela queria apontar, mas precisava dos dois braços para segurar a pequena, ela estava mais pesada que nunca.

— Não sei ler ainda Mad! — Retrucou o pequeno bravo.

— Eu sei, desculpa, ali diz que estamos em 2023! — O que não fazia sentido já que ela nem era nascida em 2023, muito menos os irmãos.

"A placa só pode estar errada."

— Será que viajamos no tempo igual naquele filme velho que o papai ama? Mas como? Não temos carro e nem um professor cientista? — "Viagem no tempo." Isso explicaria o porquê de não existir sua casa, ela ainda não tinha sido construída.

Mad respirou fundo e tentou pensar no que faria, ela tinha certeza de que acabaria morrendo e todos eles apodreceriam ali naquele matagal se ela não fizesse nada, ela tinha que fazer alguma coisa.

Olhando pro céu percebeu que logo ficaria de noite, passariam a noite assustadoramente na rua e sozinhos, ela tinha que dar um jeito, algumas lágrimas começavam a criar vida nos olhos da pequena.

A verdade é que ela acabará de completar oito anos e não tinha a mínima ideia do que fazer. A menina começou a chorar e desejou que o papai ou a mamãe estivessem ali.

"Papai e mamãe." Era isso, eles só precisavam ir até a mamãe e o papai, eles cuidariam de tudo.

— Mad, Mad, MAD! — O irmão a gritou lhe resgatando de seus pensamentos.

O menino se escondia atrás da bolsa da mãe e fazia um bico de choro que só aumentava a vontade de Mad de chorar mais.

— Oi! — Ela disse fungando o nariz.

O ódio tem seu tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora