Epílogo

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Tudo ficou muito esquisito e bagunçado e então teve a luz. Quando Mad abriu os olhos de novo, ela estava dentro do armário bagunçado da sua casa. A garota checou os irmãos e mordeu os lábios em apreensão antes de abrir aquelas portas de madeira.

Assim que a luz do ambiente invadiu o móvel, a menina ficou com medo, mas o medo se foi assim que os pais comemoraram a chegada deles com balões e gritos com línguas-de-sogra e apitos.

— Papai! — A garotinha foi pega num braço e a irmã no outro. O pai parecia mais velho, mas o cheiro como sempre era o mesmo.

— Mamãe! Olha minha cicatriz! — Max foi pego pela mãe que foi verificar o machucado.

— Nem me fala disso, foi a tanto tempo e ainda me dá calafrios. Meus bebês. — A mulher a abraçou.

A barriga dela estava estranha e ele agradeceu ao pai por não deixá-la comer.

— Vamos tomar banho de mangueira hoje! — Mad revelou animada por ter tido tanta esperança nesse desejo.

— Não, bonequinha, hoje o clima está meio estranho. — O pai disse causando espanto nela.

— Mamãe! Papai está quebrando o combinado! — Ela puxou a barra da blusa da mais velha.

— Seu pai disse, está dito! — Mad estava chocada. "A mamãe de antes iria contra o papai só pra fazer ele ficar bravo!" Ela havia se esquecido de como os pais eram amigos no tempo certo.

— Desmancha o bico. — O pai fez cócegas no pescoço dela e se abaixou para cochichar. — Se chover podemos tomar banho de chuva.

Ela sorriu e o abraçou.

— Vem Mad! Vamos ver nossos quartos. — O irmão a puxou escada a cima e ela foi correndo para o quarto lilás e rosa.

Estava tudo lá e quando caiu em sua cama, ela se lembrou de como sentiu falta dali.

Bem no canto da cama, um sapinho de pelúcia velho estava sentado; o mesmo que ela tinha comprado no shopping semanas atrás... "Papai e mamãe guardaram pra mim!"

As lembranças de só o tê-lo nas últimas semanas foram invadidas por uma nostalgia que carregava memórias de sempre o ter por perto. Ela se lembrou de a mãe dizer que lhe deu no dia que nasceu.

Mad estava achando isso muito engraçado, era como se ela estivesse desbloqueando novas fases na mente dela.

— Você nem acredita!? — O irmão invadiu o quarto dela bravo. — Não tenho uma tartaruga!

Ela riu dele.

— Mamãe não é boba. Ela nunca ia te dar uma tartaruga, temos três cachorros! — Os dois esbugalharam os olhos e saíram correndo pelos corredores em busca dos amigos de quatro patas.

Bem, nem todos, Pavê, o vira-lata preto, só tinha três patas. Ele foi o primeiro a ser encontrado.

— Que saudade de você amigo. — O irmão se deitou no chão e foi lambido pelo filhote agitado.

Vindo rebolando, a gorda e grande cadela pulou nela, que caiu no chão. Tangerina era branca e amarelada e ao ganhar uma lambida dela, Mad chorou.

— Senti saudade, menina, senti tanto. — Andando lento pela falta de visão, o pequeno e feio cãozinho cinza se juntou a bagunça. — Também senti sua falta Sabugo.

O cachorro cego e espetado se acomodou nos braços de Max.

Então o inesperado aconteceu. Virando o corredor com dificuldade, uma velha Pudim veio os cumprimentar com o rabinho abanando.

O ódio tem seu tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora