Assim como o estrondo do vento anuncia temporal, a manhã de sábado fez Dylan se lembrar da tormenta da própria vida. Ele estava tão feliz por acordar abraçado a sua mulher, brincar com seus filhos e acabou se esquecendo de qual dia era aquele.
Assim que pisou no trabalho, ele viu a mãe empoleirada em sua sala. A alegria dela era tanta que ele nem lembrou que se ressentia.
— Oi, meu coraçãozinho. — A baixinha e colorida dona Léia lhe beijou estralado na bochecha.
A mãe ajeitou a gola da camisa dele e lhe deu um sorriso, ela estava tão feliz. Dylan amava a ver assim, ela sempre ficava assim quando eles iam viajar em família quando era pequeno. Bem, eles só viajaram duas vezes, mas nas duas, ela tinha o mesmo sorriso.
— Onde a senhora está indo para estar tão alegre assim? — Ela tentou deixar a expressão neutra, porém sem sucesso.
— Eu? Nada não. Seu pai me chamou para irmos até o litoral, vou ficar uns dias lá; só isso, nada importante... O que me lembra que vim aqui dizer tchau e ver se precisa de algo. — Ela lhe deu um abraço apertado. — Queria que pudesse ir conosco, você, Dan, os pequenos, Aure... todo mundo.
— Ia ser o inferno se fossemos todos, mas se divirta, eu cuido de tudo por aqui. — Ela pareceu bem animada e saiu lhe deixando outro beijo.
"Essa é sua mãe Dylan." Ele não conseguia ficar bravo com ela, não quando ela era aquela que o chamava de coração, na realidade o único motivo de ficar zangado com ela, era que queria pertencer mais a ela.
O moreno ficou com uma sensação boa quando ela se foi, ele amava ver ela feliz; a mãe saiu correndo atrasada para pegar o voo e só parou para dar um abraço nas crianças que brincavam na sala da frente.
O sorriso e empolgação da mãe foi um dos motivos para ficar estático quando viu o pai surgir naquele maldito terreno. Seu Leovaldo não entrou naquele avião com a esposa para o litoral.
Quando o homem insinuou priorizar outro alguém além de sua garotinha, Dylan se enfureceu. Mais uma vez o homem colocaria outro alguém na frente da família, mais uma vez alguém, que ele prometeu cuidar, estaria esperando por ele e ele estaria em busca de outro alguém.
Assim como a mãe dele deveria estar olhando triste para a porta do aeroporto, Dylan também esperava o pai enfrentar todos por ele, ajudá-lo.
No entanto, o pai não estava ali pelo filho, como ele estava pela sua própria filha.
Foi a dor de ser abandonado quando mais precisava que o fez avançar, era loucura e ele estava em desvantagem, mas aquela era a garotinha dele e ele a amava o suficiente para se arriscar.
Contudo, o moreno não pensou que doeria tanto ouvir o pai gritar por outro alguém, enquanto ele mesmo corria perigo. Dylan bateu em José de propósito, além dele querer o homem fora do caminho para o asqueroso velho, Dylan queria que o pai soubesse o que ele estava sentindo, queria que ele sofresse; mas o efeito foi bem maior nele.
Quando Aurora retirou a filha dos braços dele, ele continuou com a arma levantada em direção ao pai. Os pais de Aurora poderiam estar ali enganados, por serem tapados e gananciosos, mas o dele foi ali simplesmente para ver aquele que amava e Dylan continuou com a arma levantada por perceber que esse não era ele.
— Ela está esperando o senhor. — O pai dele abaixou a cabeça. — Eu também esperei, fiquei com medo hoje, queria que tivesse aqui para me socorrer; pena que o senhor não apareceu para nenhum de nós dois.
Ele abraçou suas garotas e sentiu os braços do amigo em suas costas, aquilo era o que importava, ele fez o que prometeu. Diferente do pai, pode se orgulhar de si; Dylan jamais precisaria que o mais velho se orgulhasse dele, o homem sabia que era melhor.
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O ódio tem seu tempo
RomansOs Whitehorse e os Blackwood são magnatas no ramo da arquitetura e engenharia, devido a grande amizade entre as famílias ambas se uniram criando a empresa Time Home, que se tornou a maior e melhor do segmento através dos anos. Porém a era da amizade...