Capítulo 37

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Cada membro do corpo dele foi serrado em partes, foi como Dylan sentiu aquela dor.

A dor da perda se instalou nos poros dele como fumaça impregnando tudo em segundos.

Dylan tinha acabado de perder o irmão, em um simples instante Daniel estava morto.

"Primeiro você faz dois balões e depois passa um por baixo do outro e... pronto." O garoto que o ensinou a amarrar os sapatos, tinha ido.

Assim que ele viu Agatha no chão, ele sentiu pena da mulher, ele não queria crer que ela machucaria Mary, alguém tão quebrado quanto ela só poderia machucar a si mesma.

Quando ele se lembrou de todo ódio que carregava por ela, ambas as imagens não batiam, como ele poderia odiar uma garota que tremia no chão.

Então ele se lembrou que a odiava por Dan... então ele ouviu o que o irmão fez com ela.

Ele sabia que Aurora estava abalada e quanto pegou Mary de seus braços pensou que seria o apoio que ela precisava, longe disso, Dylan teve que deixar a garotinha no sofá, pois precisou ir vomitar no banheiro.

Os muitos olhares de vergonha de Agatha invadiram a mente dele e tudo que tinha em seu corpo precisou sair.

"Ela olhava com vergonha não pelo desdém que faria a Dan e sim, pois ia ser abusada mais uma vez." Ele vomitou e não pode deixar de chorar, por nunca ter aberto aquela maldita porta.

Tudo fazia tanto sentido, o jeito como a menina estava sempre retraída perto deles, como ela sempre queria tirar a atenção da irmã mais nova... O jeito que o irmão dele a olhava quando ela era mais nova.

O jeito que Dan sempre olhou para as meninas; o fato dele não gostar de mulheres.

"Caramba, Agatha... eu sinto muito." Assim que saiu do banheiro e olhou para a loira, ele percebeu como ela era tanto sua irmã quanto o próprio irmão.

— Por que não vai pra sua casa? — Ele pequeno, uma vez a questionou.

— Porque preciso estar aqui. — A menina tinha uma expressão de dor que escondia, Agatha deixou vacilar por instantes, Dylan percebeu que ela não queria estar ali.

— Não devia ter que vir aqui, por que ia precisar disso? — O menino apontou para a grande casa vazia, ele amaria poder ir para outro lugar. Agatha sorriu para ele como se o entendesse.

— Não se preocupe Dylan, sua família vai ficar bem. — A confiança que ela tinha era invejável.

— Não estou com medo. — Mas ele estava, estava aterrorizado por sempre estar sozinho naquele maldito silêncio.

— Como eu disse, preciso estar aqui; para de me encher e vem aqui desenhar comigo enquanto seu irmão não chega, vem. — Ele se sentou e ficou em silêncio com ela, e por incrível que parecesse, o silêncio ficava mais confortável com ela ali.

Agatha precisou sustentar as duas famílias; ela se sacrificou para a família dela, deixando que os pais a usassem para seus desejos ridículos e se sacrificou para que todos os segredos da família dele ficassem em perfeita harmonia, e no fim os quatro poderiam sorrir nas capas das revistas.

A vida tinha sido tão injusta com ela, assim como Dylan foi.

"Nunca vou poder quitar essa falha com você loira."

"Vai deixar ele lavá-la para o meio da mata aberta?" Ele lembra da mulher o alertando. Agatha impediu o irmão de tocar na filha dele... Daniel ia abusar de Mad!

Dylan pensou em voltar a vomitar, mas se conteve.

"Ele gosta de matar as coisas." Agatha disse. Dylan se lembrava do irmão rindo durante os filmes em que os bichinhos morriam, lembra de pensar que ele era louco por não chorar... a imagem do seu cachorro piscou em sua mente.

O ódio tem seu tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora