Assim que amanheceu, Aurora já estava desperta. Na realidade, mau havia pregado os olhos, as crianças estavam inquietas e ela estava tão angustiada que o sono que vinha apenas aparecia para assombrá-la.
Os sonhos que surgiram em sua mente eram curtos e horripilantes, ela viu Dylan morrer, viu os pais matarem Mary, viu as crianças sangrando, a mulher daria tudo para voltar ao início do mês e não deixar terça chegar nunca.
"Você fez tudo que pode, vai dar certo." Ela tentou se confortar enquanto lavava o cabelo para o longo dia que viria.
Dylan já tinha se comprometido em ir à escola com as crianças para recolher os documentos deles e isso só a lembrava de que ela teria que ir à empresa enfrentar tudo aquilo que estava tentando evitar.
Na verdade, ela não precisava ir. No fundo, ninguém realmente precisava trabalhar naquela empresa, eles eram donos e tudo funcionaria muito bem sem eles ali; contudo, os pais dela sempre fizeram questão de trabalharem e de que as filhas e os filhos dos sócios também "o trabalho te edifica porque você aprende a dar valor no que conquista, se quiser que isso lhe pertença, batalhe para fazer parte de quem a construiu." O pai dela sempre dizia isso e ele nunca faltou um dia sequer.
As lagrimas caíram sem consentimento, doía tanto pensar nos pais dela. Quando estava tudo triste e escuro em sua mente, Aurora pensava em continuar por eles, ela nunca poderia vê-los chorando por ela, enquanto desistia da vida.
Mas ali estava ela, desolada, sem eles que foram sua razão de sobreviver; a maioria das antigas conversas que tinha com sua terapeuta era sobre sentir que não pertencia à família, se sentir um empecilho para todos ali e enquanto ela olhava para os pais esse sentimento sempre se intensificava. Mal sabia ela que era verdade, desde o nascimento, ela prejudicou os planos dos pais.
"Por que eles simplesmente não me deixaram saber? Doeria menos crescer sem a expectativa de um dia poder ser o que eles queriam." A verdade de que eles nunca a quiseram, a fazia querer sumir, pois ela os queria mais que tudo.
Aurora terminou de se trocar em silêncio e voltou a se olhar no espelho, ela respirou fundo e mudou de expressão.
"Não importa, eu posso lidar com isso e se não puder, vou ter que dar um jeito de conseguir." Os pais podiam não a desejar, a irmã também e o todo resto do mundo; mas no fim do dia só importava que ela se desejava e Aurora queria viver aquela vida, a mulher queria descobrir o amor com Dylan, ser uma ótima paisagista e ficar de cabelos em pé com os muitos filhos que teriam, pois no fim, a única que poderia viver a vida dela era ela e ninguém mais.
Aurora passou um gloss vermelho e sorriu; mesmo com dor, ela estava contente, estava contente, pois estava determinada a viver da melhor forma que conseguisse.
Ela saiu pronta para trabalhar.
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— Você vai ficar bem, maçãzinha? — Dylan a abraçou e cochichou em seu ouvido.
— Claro que vou. — O sorriso dela o fez ficar mais calmo.
Ela estava orgulhosa dele, o moreno tinha enfrentado uma barra pesada vendo o pai naquele lugar tanto quanto ela e mesmo assim, ele segurou firme e deu um maravilhoso suporte.
— Vocês dois se divirtam, sem dar na cara que não vão voltar mais lá. — As crianças reviraram os olhos antes de sair do carro devido às palavras antes já ditas. — E você... você é melhor, Dylan. Obrigada. — Ela beijou os lábios dele e se admirou com a sensação de formigamento que sempre lhe causava. Ela nunca deixaria de desejá-lo e saber que ele também não, não tinha preço.
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O ódio tem seu tempo
Roman d'amourOs Whitehorse e os Blackwood são magnatas no ramo da arquitetura e engenharia, devido a grande amizade entre as famílias ambas se uniram criando a empresa Time Home, que se tornou a maior e melhor do segmento através dos anos. Porém a era da amizade...