Destruída. Era como Aurora se sentiu ao sair da sala de Dylan, sabia que não deveria ter ido até lá e nem entendia porque foi, mas ele conseguiu machucá-la de novo.
Aquele homem nunca olharia nos olhos dela e veria alguém capaz, ele havia deixado claro como ela se parecia para ele e o pior é que era assim mesmo que Aurora se enxergava, uma garota cheia de privilégios que não poderia fazer nada do que fazia se não fosse pelos pais, a filha que veio de surpresa depois da filha planejada.
Por que ficar na empresa quando sabia que qualquer um poderia fazer melhor seu trabalho? Por que ficar num lugar onde é claramente indesejada? A necessidade dela de ser boa em algo, de ser especial para alguém era muito alta. "Eu sou muito estúpida." Estupidez era pouco, jamais seria como Agatha para seus pais, nunca seria tão boa quanto queria parecer, como tentava parecer.
Olhando para o céu azul e mirando os raios de sol alaranjados que partiam trazendo o roxo e o rosa ela enxugou as lágrimas que caiam, não adiantaria chorar e se continuasse chorando e pensando sobre isso desencadearia uma sucessão de acontecimentos que não seriam nada legais. "Não posso entrar nisso de novo."
- Ei! Aure, tá chorando? - Agatha entrou com alguns papéis na mão e ficou de frente para ela. - Quer falar sobre o que aconteceu?
- Estou bem, não é importante. - A loira não pareceu acreditar e ergueu as sobrancelhas para a irmã. - Esquece, me diz por que veio em vez disso.
- Tudo bem. Vou precisar de uma ajuda sua, tenho esse projeto da manutenção do resort aquático para revisar e preciso que você faça, você consegue fazer?
- Consigo. Para quando você precisa? - Aurora se endireitou e tentou ficar numa postura mais formal assim como a irmã.
- Tem certeza que consegue Aure, mamãe está contando com isso, da última vez você não terminou no prazo e ela ficou muito triste, esse é para amanhã. - O queixo da menor caiu no chão. Eram pelo menos umas 30 páginas naquela pasta.
- Amanhã!
- Olha irmãzinha se não puder não tem problema, eu faria, mas estou cheia de trabalho, porém vou dar um jeito se não conseguir. - Agatha a olhava com os olhos azuis arregalados transparecendo pena enquanto suspirava cansaço.
"Odeio que me olhe assim Agatha!" Ela não era burra o suficiente para não conseguir revisar um projeto.
- Claro que eu consigo.
- Sei que consegue, eu vou passar a noite revisando três projetos importantíssimos, você consegue ler um e não deixar nenhum erro passar, certo? - Agatha sorriu sem que a expressão chegasse aos olhos.
- Certo, pode contar comigo. - Aurora sorriu de volta mais radiante do que a primeira.
Agatha deixou a pasta sobre o notebook lilás que estava fechado na mesa e saiu caminhando até a porta. O vestido azul-petróleo era elegante e mostrava como o corpo da irmã era esbelto, porém Aurora sabia melhor que a mulher a sua frente já teve muitos problemas alimentares e que vês ou outra pulava as refeições.
Aurora pegou o sanduíche e o bolo que havia comprado para se animar um pouco depois daquela briga e segurou em suas mãos.
- Agui! Aqui, come. Vai trabalhar até de noite, é melhor comer alguma coisa. - Ela entregou a sacola marrom a irmã que estava parada na porta.
- Obrigada, estava mesmo com fome. - A loira ia sair, mas deu meia volta. - A propósito, se estava chorando porque o Dylan saiu por aí falando que você não tem talento e está atrapalhando o setor, não ligue, o fato de estar sempre se esforçando é o que importa.
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O ódio tem seu tempo
RomanceOs Whitehorse e os Blackwood são magnatas no ramo da arquitetura e engenharia, devido a grande amizade entre as famílias ambas se uniram criando a empresa Time Home, que se tornou a maior e melhor do segmento através dos anos. Porém a era da amizade...