Capítulo 4

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Raiva, ódio, inclinações assassinas. Era isso que Dylan sentia por Aurora Whitehorse enquanto esfregava aquela porcaria de estofado verde. "Eu vou matar essa vagabunda!" O pai estava consumido pela antipatia ao filho e era ridículo pensar que o pai acreditava que ele desenharia um pau no próprio sofá.

Dylan estava tremendo de raiva, ele imaginava o quanto o pai o achava estúpido e como ele era inútil para empresa. Ele não seria visto como uma perda de tempo e recursos.

1 650 reais, esse foi o valor pago naquela poltrona, na linda poltrona que mesmo com os produtos fornecidos por Cleide não estava limpando.

Ele faria Aurora pagar, já se passava uma hora que ele esfregava o estofado e nada da tinta sair, ele teria que acabar comprando uma daquelas capas ridículas que a mãe tanto gostava para colocar por cima da infantilidade da baixinha possuída da sala da frente.

De certo ela queria que o pai o espancasse no trabalho, mas chegou alguns anos atrasada, fazia uns bons anos que o pai não batia nele, afinal desde que eles quase se igualaram em altura o pai não via necessidade de castigo físico. O ponto era que ele não suportava decepcionar o pai.

Durante a adolescência e também na faculdade Dylan tentou com afinco não fazer nenhuma burrada, ele não bebia mais que pudesse aguentar, ele não saia com nenhuma garota sem o consentimento de 100% da mesma e a devida proteção, ele não reprovou em nenhuma matéria e levou todos os seus estágios a sério mesmo os que não eram remunerados. Porém, o pai nunca se mostrava orgulhoso.

O irmão não ficou longe, Dan era o melhor em todas as matérias que cursava e sempre o melhor da turma, o irmão queria fazer arquitetura como a família Whitehorse, mas o pai falou apenas uma vez como eles precisavam de engenheiros e o irmão prontamente seguiu os passos do pai e se formou com honras e mesmo assim o pai não disse um "a" ao menino.

Dylan desistiu de esperar o orgulho do pai, por sorte ele sempre quis ser engenheiro, quando era pequeno não podia ver um prédio que já perguntava se o pai ou a mãe tinham projetado, ele decidiu que era isso que queria fazer também.

Quando se formou ele ganhou um belo escritório do pai decorado nos seus tons de azuis favoritos e ele soube que essa atenção era o jeito do seu Leovaldo mostrar seu amor e felicidade, então ele se empenhou em trabalhar como o pai queria que fosse, mas Aurora estava o tirando do sério e atrapalhando tudo.

— Vamos embora menino, segunda-feira você mexe com isso. — O homem parecia arrependido dos berros que lançou ao seu caçula e Dylan teve certeza disso quando ele o levou ao seu restaurante favorito para um almoço breve antes de deixá-lo em casa.

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Na manhã de domingo, o sol atravessou a janela de Blackwood e ele sorriu imaginando como se vingaria de Aurora na segunda-feira, ele faria ela se sentir tão mal que ela pediria para trabalhar no mato do andar de cima.

A cobertura do edifício Home era toda trabalhada na relação de plantas e pedras, para cada ser daquele lugar tinha o triplo em mato e esse era o orgulho das mães das famílias. Quando entrou na empresa, Dylan logo disse que não queria trabalhar lá, ele até achava o lugar bonito, mas enfrentar a competição silenciosa entre Agatha e Dan era demais para ele, sem dizer que a mãe e dona Ana se intrometiam em tudo que podiam.

Ele surtaria com as plantas e se jogaria do terraço em menos de um mês.

Depois de tomar seu café da manhã, que consistia no resto de uma pizza que sobrará da noite de sábado, o moreno foi até o guarda-roupa, pegou uma camisa básica azul-marinho, colocou sua bermuda favorita e foi para rua atrás de inspiração para seu plano vingativo.

O ódio tem seu tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora