Capítulo 9

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Dylan encostou a porta do apartamento e seguiu tonteado em direção ao elevador, estava convencido de ter desenvolvido pelo menos 6 tipos de problemas mentais nas últimas horas. O relógio marcava 23:30 e parecia que o moreno tinha vivido 5 dias em 1.

"Filhos! Filhos com Aurora!" A menção a essa ideia era absurda, "nunca... nem em outra encarnação." A sequela que o levou a fazer isso deve ter sido muito grande, pois ele repetiu um erro gigante três vezes. "Três bichinhos problemáticos frutos de uma cruza com o capeta." Ele tinha dó das crianças.

As coisinhas eram a cara da louca e se não fosse os olhinhos e as pintinhas nos narizes ele diria que não eram seus. E os cachinhos, não podia esquecer os cachinhos nas pontas dos fios castanhos avermelhados...

Não que ele tenha simpatizado com os monstrinhos.

Justiça fosse feita, aqueles seriam seus futuros filhos se ele não revertesse a burrada que provavelmente faria, então poderia sim gostar um pouco, bem pouco, dos pequenos. "Que pessoa decente desdenharia dos próprios filhos?". Como ser humano, ele decidiu se importar com as crianças.

Maxon... Ele deu o nome do avô ao garoto. Os olhos do homem inundaram e a garganta fechou, a saudade do vovô nunca morreria pelo jeito.

Vô Max era sarcástico e brincalhão, Dylan sempre o invejou por sua alegria, em todos os eventos da família o velho estava no meio das crianças inventando as mais loucas brincadeiras, como saltar iguais sapos na lama ou abrir um restaurante com as folhas do jardim.

O único adulto que dava atenção aos pequenos sempre foi o mais amado, e sempre que ele via Aurora e o neto mais novo agindo como cão e gato o avô balançava as grosas e grisalhas sobrancelhas os deixando constrangidos, ele sempre dizia que usaria seu melhor terno no casamento dos dois e entraria em um triciclo jogando pétalas de rosas-amarelas.

"Quando se ama alguém, deve cuidar dela e se ela te amar cuidará de você de volta. Se ela não souber como fazer, demonstre para que ela aprenda, mas se ela jamais aprender, então poderá levar seu coração em paz a outro lugar sem que ele reclame para que volte." Foi depois dessa conversa que Dylan parou de tentar chamar a atenção de Aurora fazendo maldades e foi essa mesma fala, anos mais tarde, que fez com que percebesse que já não a amava mais.

Foi no dia mais frio do ano o enterro do amado avô, era o fim da infância quando Dylan perdeu um pedaço que sempre doeria em seu coração.

Naquele dia não importou o que Aurora e ele sentiam pelo outro, naquele dia eles se abraçaram e choraram desesperadamente sentindo o cheiro fúnebre dos lírios-brancos. O vô Max era tão amado que ele se lembrava de ver até Agatha chorar na noite congelante.

"Você amaria entrar de motoca num casamento nosso, não amaria velhinho?"... Mas o avô estava morto e ele não se casaria com Aurora se pudesse evitar, ela era uma péssima pessoa, ela jamais "cuidaria" dele de volta e Dylan não seria tão estúpido de deixar que aquela mulher fosse mãe dos seus filhos.

"Que merda eu fiz?"

Chegando na avenida principal, Dylan começou a caminhar na calçada vazia na direção onde tinha estacionado seu lindo Jaguar XJ X351, esse sim era seu filho, o único que ele não incomodava e que não achava sua presença inútil. Novamente as palavras de Aurora mexeram com ele, mas o moreno fingiria que não.

"Como se aquela metade de gente fosse uma ótima mãe nas 2 horas que conheceu as crianças." Ele duvidava que a baixinha soubesse se quer carregar aquele bebê.

Virando o rosto para checar a rua, Dylan deu de cara com uma farmácia 24 horas e em sua vitrine viu aqueles leites caros que vinham em latas.

"O que a doida vai dar de comida para o bebê?"

O ódio tem seu tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora