Capítulo 5

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Ela tinha consciência de que agiu como uma criança e foi totalmente ante profissional, mas o que poderia fazer? Quando ela retirou aquele objeto no meio de todos, Aurora tinha certeza que morreria de vergonha, porém a morte a abandonou e ela teve que lidar com a situação sozinha.

Então quando estava sozinha com o demônio, ela teve que dar a ele o que merecia. A mulher socou e chutou, o derrubou na lama e fez tudo que conseguiu naquele curto período, ela sentia sangue nos olhos e com certeza o mataria se tivesse qualquer traço psicopatia em seu DNA ou se a pedra lançada tivesse acertado o alvo.

Dessa última parte ela até se arrependia.

Mas tirando isso, foi a melhor descarga de má energia que ela conseguiu na vida, estava tudo perfeito até... até ele a segurar contra seu peito molhado e a abraçá-la, colocado aquela boca em seu ouvido e sussurrar aquelas duas palavras odiosas.

"O que foi aquilo?" Ela queria saber, mas tinha medo da resposta.

No momento Aurora travou, suas pernas tremeram e ela temia que ele beijasse ela na chuva como nos filmes que assistia, isso não seria permitido. Então veio o surto e de repente ela o estava xingando e ele estava bravo e depois os dois estavam dentro do ônibus a caminho da casa dela.

Ele a levou até a porta do prédio dela.

Foi uma sexta 13 em uma segunda 24, foi um pesadelo e agora ela se perguntava se seria melhor pedir demissão do emprego. Não por Dylan óbvio, mas para não voltar a ver ninguém que presenciou aquela humilhação. "Como vou olhar os funcionários depois daquilo?" Ela pensou que choraria, ainda bem que não chorou.

E teve a pipoca. Ele comprou pipoca para ela e ela deixou! "Esquece Aurora". Ela bufou e entrou no elevador que a levaria ao seu tormento diário.

Ela não desistiria do seu sonho e carreira por culpa do inimigo, ele que saísse se sentia tanto incômodo assim.

Sabendo que chegaria atrasada, fez pouco caso, pegou um café e foi passeando pelo escritório de cabeça erguida para que vissem que ela não se importava com os eventos anteriores. Quando entrasse em sua sala sabia que provavelmente choraria.

— Olha ela toda pervertida no amarelo. — Sentada em uma das cadeiras de frente para sua mesa habitual, estava Mi segurando o causador de seus recentes pesadelos.

— Mi! O que está fazendo aqui com isso? — Uma das pessoas que ela mais amava no mundo e quase sempre a influenciava a fazer coisas estúpidas, Michele Luar.

Michele era sua melhor amiga desde o fundamental até a faculdade, a mulher era desinibida e já no primeiro semestre do curso pediu que o pai da irmã de consideração reservasse a ela uma vaga na empresa, e ele fez. Seus cachos pretos como a pele se espalhavam pela mesa em que ela apoiava a cabeça ao gargalhar, os olhos cor de mel da suposta amiga brilhavam com o constrangimento da outra.

— Eu te odeio! Para de rir. — Aurora sempre agradeceu por ter Mi em sua vida, a menina a salvou de muitas formas, mas ela era tão irritante quando queria que Aurora poderia passar o dia inteiro chamando nomes feios para a mulher na sua frente. — Veio aqui só para rir da minha cara?

— Sim, tive que vim! — Ela tremia os ombros de tanto rir. — Precisava ver a banana sem pinta com meus próprios olhos. — Ela dizia enquanto ria ofegante, a mulher não ria assim a um bom tempo. — Dylan conseguiu, se tornou meu favorito.

— Michele, isso não tem graça, como soube? — O medo invadiu a mente de Aurora e o pior foi confirmado.

— Não há uma alma viva nessa empresa que não saiba Aurora, peguei até o estagiário contando ao Diguinho, o vira-lata que a gente alimenta, sobre a história. — Era exagero de Mi, mas não importava, Aurora jamais sairia daquela sala. — Se você não for usar... posso levar?

O ódio tem seu tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora