Nada parecia certo naquela família, naquele prédio, em lugar nenhum. Dylan sabia que a família era estranha, mas tanto assim? Não, ele não podia imaginar.
Depois de sair da sala de reunião e gritar aos funcionários que concederia um dia de folga a boa alma que levasse seu Jaguar ao lava-rápido, ele foi até sua sala se dopar com qualquer que fosse o remédio que estivesse em sua gaveta da bagunça.
Assim que se sentou na sua cadeira esperando as duas pílulas de Dipirona fazerem efeito, o moreno começou a analisar a empresa Home mais a fundo em sua mente. Era no mínimo incomum o fato do lugar já ter obtido o tanto de prêmios que tinha, as obras eram perfeitas e sem imprevistos, e pensando bem... ele se deu conta que havia um andar inteiro que nem ele, o "dono", tinha autorização de entrar.
"Que merda estamos fazendo aqui?"
Se sentando elegantemente na cadeira em frente a sua, Daniel o tirou de seu devaneio.
— Está pensando em qual ritual fez para convencer Aurora a ter três filhos com você? — O sorriso largo dele não chegava aos olhos, mas a diversão na fala fez Dylan sorrir.
— Espero que o ritual possa ser quebrado ou acho que eu vou acabar louco tentando. — O irmão balançou a cabeça e serrou os olhos como quem obviamente duvidava da afirmação. — Estou te falando.
— Escute Dibi, se gosta dela... se ainda gosta dela, — levantando o dedo indicador, Dylan tentou cortar a conversa, mas o olhar centrado do irmão o conteve, — escute. Se gosta dela, apenas fique com ela, me parece que vocês podem ficar bem juntos... Se pararem de colocar o orgulho que possuem num pedestal, é claro.
— Dan! Não podemos nos juntar a uma Whitehorse, por Deus! — O irmão riu e revirou os olhos para a criancice do mais novo.
— Tudo bem, vou fingir que não gosta dela e que não tem uma queda por uma Whitehorse. O ponto é que tudo bem ter essa queda e se precisar de ajuda nessa loucura que se meteu, pode me ligar, sabe que eu tenho um ótimo olhar para analisar as coisas.
— Sei que tem. Deveria aproveitar que enchi a cabeça do pai e da mãe e fazer seu curso de arquitetura, te garanto que ninguém vai te dizer nada. — Ele sentia falta de rir com o irmão, isso era algo bem raro.
— Eu faria, se já não tivesse tanto trabalho. Mas sério... ela é uma boa garota, porém tenha cuidado. Sabemos o que aconteceu antes e não quero que se machuque de novo irmãozinho. — O semblante de preocupação de Daniel fez Dylan suspirar.
— Eu não estou fazendo isso comigo Dan, não posso ficar com a Aurora, eu fiz uma promessa a mim mesmo.
— Bem, seja o que for, se você estiver feliz, eu também vou estar... Nossa! Eu sou tio?
— EU SOU PAI! Dá pra crer? Se Deus quiser isso vai durar bem pouco.
Dan nunca pareceu querer ser pai, já Dylan evitou ao máximo pensar sobre isso nos últimos anos, sua época de fantasias terminara há muito tempo.
Dylan pensou que irmão tinha sorte, era bonito e sua timidez parecia atrair as garotas como açúcar fazia com as formigas, porém Dan nunca aparecia com uma menina.
O moreno desconfiava da sexualidade do irmão, mas nunca tocou no assunto, se ele quisesse apoio diria quando estivesse pronto e se não dissesse ele esperaria e estaria ali mesmo assim.
— Acho que já trouxeram seu carro, não vai descer? — Com uma cara de agonia e pronto para fazer birra como uma criança de quatro anos, Dylan se levantou da cadeira e saiu da sala seguindo seu irmão que ria da situação. — Mande notícias, irmãozinho.
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O ódio tem seu tempo
RomanceOs Whitehorse e os Blackwood são magnatas no ramo da arquitetura e engenharia, devido a grande amizade entre as famílias ambas se uniram criando a empresa Time Home, que se tornou a maior e melhor do segmento através dos anos. Porém a era da amizade...