Silenciosa e apática, a terça-feira se iniciou trazendo a sensação de que nada realmente acabaria. Aurora estava de pé antes de o sol se instalar no céu, a mulher tomou um banho frio para ver se conseguia ficar mais calma, não funcionou.
Enquanto colocava sua legue preta e uma camiseta da mesma cor, a mente da mulher era bombardeada pelas inúmeras preocupações que a impediram de dormir na noite anterior.
A noite foi um caos. Quando Dylan dormiu, Mary acordou, a pequena estava aterrorizada de um pesadelo e chorou por um bom tempo até adormecer de novo, então Mad acordou todo mundo gritando em seu sono, além do moreno, ter que segurar o pequeno Max no chuveiro, pois ele ficou com a temperatura elevada demais.
Resumindo, eles só dormiram recentemente e Aurora não os acordaria até que fosse realmente necessário.
Todos estavam com medo.
Ela tinha medo de Daniel alcançar Agatha, tinha medo dos rivais os alcançarem e os matarem; tinha medo pelos filhos, medo deles viajarem e só encontrarem a morte aonde quer que chegassem.
— Oi lindinha, o que tanto pensa? — Dylan se aproximou exalando aquele cheiro de banho recém tomado.
— Estou com medo... acha que vai ocorrer tudo bem hoje? — Ele suspirou.
— Eu não sei, mas sei que vamos fazer de tudo para que sim. — Ele a beijou, leve e delicado. — Temos que estar seguros de que vai dar certo; se não passarmos essa segurança, quem vai?
Ela acompanhou o olhar dele que se fixava nos pequenos dorminhocos. Aurora respirou fundo. "Isso vai funcionar... vamos terminar toda essa desgraça!" Ela sabia que precisava se agarrar a esperança e agir.
O café não foi adoçado, a mulher preparou uma xícara da bebida amarga e se recusou a comer qualquer outra coisa. Dylan já preparou um café reforçado, vitamina de banana, pão com frios, bolo e a até uma tigela de cereal.
"Ele parece estar indo para guerra!" Aurora torceu o nariz ao lembrar que eles, em parte, estavam.
— Bisa mandou mensagem. — O moreno declarou.
A velhinha já tinha chegado à cidade e aparentemente estava ciente de tudo que ocorrerá nos últimos dias.
— Quer ouvir o grande plano? — Dylan não esperou a resposta dela para começar a narrar o que eles deveriam fazer. — Então... às 11 temos que estar em Urucum, tem uma construção lá que será o local de envio das crianças e preparo da pedra...
Aurora estava ciente que a pequena cidade de Urucum, que ficava a menos de meia hora dali, era especial. Urucum tinha uma reserva que abrigava a maior aldeia do povo deles, pessoas que lutavam para ser quem eram e que não permitiam que o passado se perdesse. Pessoas que eram dever deles proteger.
A construção em questão estava abandonada e foi abandonada por eles. A Time Home desistiu de terminar o prédio lá a pedido da Bisa. Aurora se lembrava de ver um velho brigando com a velhinha uma vez; esse era o mesmo que matou o maldito velho que pegou Mary, Avaré, talvez houvesse mais ali naquela terra.
— Dylan, você acha que devemos realmente ir sozinhos?
— A Bisa pediu, mas vamos levar as armas, as duas menores pelo menos; acho bom termos um plano antes de simplesmente ir. — A mulher abriu o mapa do local no celular para pensar em como fariam aquilo.
— Certo, a Bisa quer que nos encontremos aqui perto da escavação. — A escavação era apenas um grande buraco perto do descampado que foi abandonada antes mesmo de terminar de colocar as barras de sustentação para o edifício. — A alguns metros temos o prédio abandonado, ele deve ter uns três andares, é um ótimo lugar para dar uma boa olhada nesse matagal todo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O ódio tem seu tempo
RomansOs Whitehorse e os Blackwood são magnatas no ramo da arquitetura e engenharia, devido a grande amizade entre as famílias ambas se uniram criando a empresa Time Home, que se tornou a maior e melhor do segmento através dos anos. Porém a era da amizade...