Os capetinhas tinham se superado no fim de semana, Dylan tinha ganhado uma grande dor na bunda por fazer uma boa ação para as crianças endiabradas.
"Tudo por caso daquele maldito bolo." O moreno sabia que sua antiga paixão por Aurora seria jogada em sua cara mais cedo ou mais tarde, aparentemente o seu eu do futuro era um contador de histórias nato e resolveu acabar com a pouca reputação que tinha.
Quando Max pediu a história pela primeira vez, ele conseguiu dar um nó no pequeno e contar a lenda da flor, porém tudo que é bom dura pouco e no dia seguinte ele não escapou. "Malditos olhos de cachorrinho." Dylan não conseguiu negar vendo a garotinha chorosa.
As risadas das crianças fizeram ele se esquecer sobre quem estava falando, claro, até terminar a história e encarar uma Aurora chocada.
Se pudesse, ele desapareceria naquele momento.
Nenhum dos dois se falaram pelo resto da noite; toda aquela humilhação fez Dylan perder o foco de algo muito emergente, Agatha.
A mulher foi assassinada e como aonde tem mato, também tem coelho; aquilo certamente tinha relação com a morte dele. O poço da desgraça era mais fundo ainda.
Na manhã de terça o homem teve que engolir a infantilidade e encarrar Aurora, ele e a mulher precisavam conversar.
— Segura ela, eu lavo o cabelo. — Dylan entrou no banheiro e foi pegando o shampoo de bebê para passar nos cachinhos da pequena.
Mary amava tomar banho, o que era ruim, pois significava que a bolinha de carne não ficava parada um minuto na banheira.
— Então... sua irmã tá morta! — O ponto forte de Dylan não era a sutileza.
— Nem me lembra disso, eu quero esquecer. — A mulher evitou focar nos olhos dele e continuou mantendo a pequenininha parada.
— Mas não pode, o fato de alguém ter matado ela e a gente ser morto depois é no mínimo suspeito.
— Acha que o segredo que ela ia contar era sobre meus pais e aquela bizarrice toda?
— Não consigo pensar em outro. — Aurora pegou uma toalha e tirou a bebê insatisfeita da água.
— Não sei não. Mad foi bem clara quando disse que a tia ia contar o segredo para todo mundo. Do jeito que as coisas estão, parece que os únicos lesados sobre aquilo fomos nós.
O homem precisava concordar. Enquanto vestiam a pequena agitada, ambos estavam imersos em pensamentos.
Dylan não suportava a irmã de Aurora, mas não imaginava que a mulher seria morta e pior, morreria em pouco tempo já que Mad nunca a conheceu.
— Eu só fico pensando em porque alguém mataria minha irmã. — O moreno levantou as sobrancelhas fazendo uma careta. — O quê?
— Bem, sejamos sinceros aqui, Agatha não é muito querida e tenho certeza que metade das pessoas que a conhecem já pensaram em dar pelo menos um tiro. — "Eu já pensei."
— Que exagero... — Aurora negava com a cabeça enquanto colocava rodelas de laranja na frente da pequena.
— Exagero nada, o que devemos estar pensando é qual é esse segredo, porque ela não pode revelar, e porque é algo que alguém mataria pra esconder. — Mary tacou a laranja em Aurora.
— Cadê o sorriso, Mary? — A pequena virou a cara. — "Eu te amo... Eu me amarro..." Isso olha a laranja.
O que a irmã mais velha tinha de esfomeada, a mais nova tinha de resistência, a bebê era gorducha por alguma força divina, porque comer, ela não comia.
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O ódio tem seu tempo
RomanceOs Whitehorse e os Blackwood são magnatas no ramo da arquitetura e engenharia, devido a grande amizade entre as famílias ambas se uniram criando a empresa Time Home, que se tornou a maior e melhor do segmento através dos anos. Porém a era da amizade...