Capítulo 28

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Tarde da noite, enquanto Aurora lavava a filha, que mais cedo decidirá passar abóbora nos cachinhos; a mulher precisou trancar a porta atrás dela, pois não teve forças para conter as lagrimas que despejava de seus olhos.

As horas que antecederam foram um misto de alegria e dor, uma dor de perda surreal, pela primeira vez na vida ela sentia que era essencial, sentia o mais puro amor. Pela primeira vez em muito tempo ela estava vivendo e tudo isso tinha uma data de validade, 7 dias.

Ela tinha sete dias de felicidade, então tudo voltaria ao vazio cinzento que sempre fora.

Ao sair do banheiro, aonde tinha permanecido para ninar a filha até dormir, Aurora saiu para encarar as luzes já apagadas.

Ela observou as crianças mais velhas esparramas em suas camas. Mad tinha a coberta apenas no pé, resultado de tanto se mexer, e uma das mãos da pequena estava para fora da cama segurando com fervor um sapinho de pelúcia. Max do outro lado do cômodo dormia com as mãos juntinhas embaixo da bochecha e a posição lhe dava um bico muito fofo.

No pé da cama do garoto, Pudim dormia enrolada num pijama da mais velha.

Mesmo o berço da menor estando pronto para ela, Aurora respirou fundo e se negou a colocá-la ali.

A mulher deu meia volta para encarar um Dylan adormecido no seu sofá.

"Por que você aceitou isso?" Ela queria saber o motivo dele estar ali, o motivo de ser bom com ela quando fez de tudo a vida inteira para que ela o odiasse.

Se fosse sincera com sigo mesma, ela saberia que esse ódio estava vacilando a cada dia, e o que ela mais temia poderia acontecer. No fim dos sete dias, Dylan voltaria a odiá-la e ela não poderia retribuir o sentimento.

"Você vai me condenar Dylan, de alguma maneira eu sei que conseguirá o que sempre quis, vai me destruir de um jeito irreparável."

Quando ela em fim se deitou com a filha ao lado, Aurora repensou os seus conceitos.

A mulher estaria disposta a se humilhar e propor ao homem que eles ficassem juntos apenas para terem as crianças, pois sabia que ele nunca fugiria da responsabilidade, e que ele seria um ótimo pai e talvez se ele ficasse tempo suficiente com ela, ele deixaria de odiá-la.

"E então se você deixar de me odiar... talvez eu possa perdoá-lo por me torturar enquanto eu tentava fazer você me amar... Talvez."

A mulher tinha consciência que não seria possível, pois se eles não consertassem o que aconteceria no futuro, eles jamais teriam os filhos. Eles nunca poderiam condená-los dessa forma e Aurora via o quão longe e o quão pequenos eles eram diante dessa situação.

Com os olhos molhados, ela adormeceu.

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— Ei. — Aurora sentiu um toque delicado em seu rosto. — Ei.

Ao abrir os olhos não pode deixar de sorrir para o moreno que tirava as mechas bagunçadas da frente dos seus olhos.

— Boa tarde. Estamos muito, mas muito mesmo, atrasados. — Ele sorriu e ela se deu conta de que o sorriso dele era perfeito.

— Me deixa dormir. — Aurora voltou a fechar os olhos.

— Tem certeza? Não era hoje que você tinha que entregar aquele projeto da maquete Tibagi? — A mulher praguejou e se levantou em dois segundos. — As crianças estão... arrumadas. Se quisermos que elas entrem na escola teremos que sair uns... 2 minutos... atrás. — Dylan disse olhando pro relógio.

— Vai descendo com eles, vou me vestir rápido. — Ela usou o banheiro em dois minutos, se vestiu em um, e arrumou o cabelo enquanto descia pelo elevador.

O ódio tem seu tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora