Capítulo 36

60 10 4
                                    

ar foi roubado dos pulmões de Aurora. Ela se soltou dos braços da mãe e do pai e correu.

"Mary!" A sensação de que algo estava errado martelava na mente dela. A mulher só conseguia ouvir o eco doloroso do grito da pequena.

"Por favor, esteja bem!" Aurora suplicou enquanto corria pelo corredor até a sala da irmã.

A única coisa que ela queria era a garotinha dela segura em seus braços; o tormento da visão daquele velho a segurando a fazia tremer.

A mulher forçou a porta, mas estava trancada. "Aquele homem morreu! Todos morreram! Ninguém mais iria a machucar..." Mesmo repetindo essas frases, a intuição de que estava errada, a perseguia. O coração dela se debatia sentindo que Mary estava em perigo.

Aurora chutou a porta a abrindo.

Por alguns instantes ela não avistou nem sua irmã, nem a bebê; então ela paralisou, era como se até a alma dela se negasse a crer no que estava vendo.

Sua irmã estava estendo sua filhinha para fora do parapeito da sacada.

A mulher avançou temendo o pior, temendo que Agatha jogasse a menina, temendo que não pudesse impedir.

Assim que a loira se virou, a menina foi movida para dentro da sacada e a Aurora a agarrou como se ela fosse sua vida inteira, sua sanidade, ela a abraçou e deixou que o corpo todo tremesse com a angústia sentida.

A raiva a invadiu. O ódio a dominou e a próxima coisa que sentiu foi o rosto da irmã se chocando com sua mão.

O tapa foi tão forte que a irmã caiu sobre os joelhos.

Aurora ia matá-la.

— Qual é seu maldito problema! — Ela gritou. Os pais chegaram segundos depois chocados com o que presenciaram. — Ter tudo sempre não é o suficiente pra você!? Por que quer tirar a única coisa minha!? Eu vou matar você.

O pai a segurou e logo Michele e Arthur estavam entrando na sala com Dylan e seus pais a reboque. As lagrimas dela eram tão incontroláveis quanto o tremor ao redor do corpo da pequena.

Agatha levantou o olhar para ela, a irmã ajoelhada tinha lagrimas nos olhos.

— Eu sempre tive tudo... — A loira ecoou e a sala ficou em silêncio. — Eu não ia machucar ela. Não mais... porque sou sempre eu que tenho que deixar de ter as coisas aqui e não você Aurora.

A irmã era séria e calma, isso fez o sangue dela borbulhar.

— Agatha cala a sua maldita boca! Você é a puta que sempre teve o mundo nos pés. Eu estava na sala do lado até agora falando com os seus pais de como eu sempre tive que desistir de tudo para você ser a maldita estrelinha brilhante, sobre como você sabia e fazia questão de me humilhar por isso... e ainda assim, ainda assim, quando eu tenho algo que amo você se sente no direito de tirar de mim, ia matar ela! — Aurora se debateu tentando se livrar do aperto do pai.

Os demais na sala não conseguiam expressar nenhum um som. Todos tinham acaba de presenciar Agatha tentar matar um bebê e aquilo era demais.

"O meu bebê!"

— Eu sempre te defendi e pra quê? Pra tentar matar minha filha!? Por que não consegue me deixar ser feliz uma vez na vida? — Aurora estava tão cansada que cedeu quase indo para o chão com a menina, porém o pai a manteve em pé.

— Te deixar ser feliz!? — Agatha gargalhou. — Você sempre foi a feliz Aurora. Ou vai me dizer que não era você que podia fazer o que queria, ser quem queria, vai me dizer que não era você que se vestia como queria, brincava, corria, tinha o papai e a mamãe para te mimar, ninguém dependia das suas ações; você é só uma mimadinha que acha que o mundo está contra você por um puro complexo de falta de auto realidade.

O ódio tem seu tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora