O ar foi roubado dos pulmões de Aurora. Ela se soltou dos braços da mãe e do pai e correu.
"Mary!" A sensação de que algo estava errado martelava na mente dela. A mulher só conseguia ouvir o eco doloroso do grito da pequena.
"Por favor, esteja bem!" Aurora suplicou enquanto corria pelo corredor até a sala da irmã.
A única coisa que ela queria era a garotinha dela segura em seus braços; o tormento da visão daquele velho a segurando a fazia tremer.
A mulher forçou a porta, mas estava trancada. "Aquele homem morreu! Todos morreram! Ninguém mais iria a machucar..." Mesmo repetindo essas frases, a intuição de que estava errada, a perseguia. O coração dela se debatia sentindo que Mary estava em perigo.
Aurora chutou a porta a abrindo.
Por alguns instantes ela não avistou nem sua irmã, nem a bebê; então ela paralisou, era como se até a alma dela se negasse a crer no que estava vendo.
Sua irmã estava estendo sua filhinha para fora do parapeito da sacada.
A mulher avançou temendo o pior, temendo que Agatha jogasse a menina, temendo que não pudesse impedir.
Assim que a loira se virou, a menina foi movida para dentro da sacada e a Aurora a agarrou como se ela fosse sua vida inteira, sua sanidade, ela a abraçou e deixou que o corpo todo tremesse com a angústia sentida.
A raiva a invadiu. O ódio a dominou e a próxima coisa que sentiu foi o rosto da irmã se chocando com sua mão.
O tapa foi tão forte que a irmã caiu sobre os joelhos.
Aurora ia matá-la.
— Qual é seu maldito problema! — Ela gritou. Os pais chegaram segundos depois chocados com o que presenciaram. — Ter tudo sempre não é o suficiente pra você!? Por que quer tirar a única coisa minha!? Eu vou matar você.
O pai a segurou e logo Michele e Arthur estavam entrando na sala com Dylan e seus pais a reboque. As lagrimas dela eram tão incontroláveis quanto o tremor ao redor do corpo da pequena.
Agatha levantou o olhar para ela, a irmã ajoelhada tinha lagrimas nos olhos.
— Eu sempre tive tudo... — A loira ecoou e a sala ficou em silêncio. — Eu não ia machucar ela. Não mais... porque sou sempre eu que tenho que deixar de ter as coisas aqui e não você Aurora.
A irmã era séria e calma, isso fez o sangue dela borbulhar.
— Agatha cala a sua maldita boca! Você é a puta que sempre teve o mundo nos pés. Eu estava na sala do lado até agora falando com os seus pais de como eu sempre tive que desistir de tudo para você ser a maldita estrelinha brilhante, sobre como você sabia e fazia questão de me humilhar por isso... e ainda assim, ainda assim, quando eu tenho algo que amo você se sente no direito de tirar de mim, ia matar ela! — Aurora se debateu tentando se livrar do aperto do pai.
Os demais na sala não conseguiam expressar nenhum um som. Todos tinham acaba de presenciar Agatha tentar matar um bebê e aquilo era demais.
"O meu bebê!"
— Eu sempre te defendi e pra quê? Pra tentar matar minha filha!? Por que não consegue me deixar ser feliz uma vez na vida? — Aurora estava tão cansada que cedeu quase indo para o chão com a menina, porém o pai a manteve em pé.
— Te deixar ser feliz!? — Agatha gargalhou. — Você sempre foi a feliz Aurora. Ou vai me dizer que não era você que podia fazer o que queria, ser quem queria, vai me dizer que não era você que se vestia como queria, brincava, corria, tinha o papai e a mamãe para te mimar, ninguém dependia das suas ações; você é só uma mimadinha que acha que o mundo está contra você por um puro complexo de falta de auto realidade.
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O ódio tem seu tempo
RomanceOs Whitehorse e os Blackwood são magnatas no ramo da arquitetura e engenharia, devido a grande amizade entre as famílias ambas se uniram criando a empresa Time Home, que se tornou a maior e melhor do segmento através dos anos. Porém a era da amizade...