Capítulo 40

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sol estava alto no céu quando Dylan voltou a Urucum. Dessa vez, adentrou mais fundo na cidade; passou pelas portelas da reserva e o cheiro da mata o trouxe nostalgia.

Fazia muito tempo que ele não ia até lá.

Ele podia ver as plantações do topo da colina em que a vila principal ficava, tanto as plantações para alimentos, quanto as plantações de pinus, eram belíssimas.

No bosque de pinus, as árvores que o povo cultivava e vendia para a fabricação de papel, ele via algumas pessoas saindo de lá sem nada nas mãos.

"Hoje o trabalho não é permitido." A aldeia era muito grande e o terreno em posse deles era maior ainda; Dylan podia ver as crianças pintadas com as cores de suas tribos correndo com potes e bacias para cima e para baixo.

Eles estavam preparando a cerimônia.

As casas eram muitas e o estilo sempre fez o moreno ser apaixonado pelas construções, o revestimento em barro era moldado em ondas como se fossem galhos entrelaçados nas paredes. "Essas cores... Aurora deve amar isso." A tinta usada era constituída a base da terra e havia desde o amarelo até o mais profundo marrom, mas sem dúvida o vermelho vivo era seu favorito.

— Você olha muito líder, olha muito e não ajuda. — Uma garota mais velha que Mad o cutucou. — Nem arrumado está!

A menina apontou para as roupas dele.

Ali eles o chamavam de líder, pois ele era da família originaria da tribo, era aquele que liderava fora das fronteiras deles e o responsável por representá-los.

— Me desculpe, como é seu nome irmãzinha? — Ela se sentou no chão pedindo que ele se sentasse de frente para ela. — Não me chame de líder, sou seu irmão, ou não está vendo meus olhinhos tão puxados quanto os seus?

A menina sorriu e puxou o braço bom dele para começar a pintar.

— Madá, é meu nome, irmão. Você é mais escuro que eu, você honra o nome Black. — Ele riu. — Que padrão quer que eu faça? Eu que pintei muitos hoje cedo, sei todos, menos os dos Kavajutinga; não vai querer o deles, não é mesmo?

A garota de cabelos escorridos e pele amarelada tinha uma cara de espanto divertida e Dylan se fingiu ofendido com a pergunta.

— Como ousa perguntar!? Não sou eu o neto da Bisa, sua protetora? Sua mãe não a educou?

— Me desculpe, desculpe... eu sinto vergonha. — Dylan se arrependeu quando viu os olhos dela lacrimejar.

Ele riu para mostrar que não falava sério.

— Não precisa se desculpar, estou brincando com você. — Madá ficou brava e largou a tinta. — Me desculpe mesmo, seria uma honra ser marcado por suas mãos, Madá, sua mãe lhe educou bem, retiro minhas palavras.

— Estou fazendo o padrão da honra, irmão engraçado... metido a engraçado pelo menos. — Eles riram juntos.

A tinta preta deslizava formando padrões delicados em formatos de correntes e linhas ora paralelas, ora verticais. Enquanto ela pintava seu braço, o que não estava preso pelo gesso, Dylan podia observar o arredor se transformar.

Algumas mulheres limparam o chão das planícies que ficavam abaixo da aldeia, alguns homens carregavam lenha e fogueiras foram acesas. Muitas delas.

Postes de madeiras foram erguidos em uma das planícies e eles serviram de poio para as mantas estiradas para formar o teto do lugar, elas não cobriam o céu completamente, mas deixava tudo mais belo. O chão também recebeu os tecidos e logo o fogo estava cheio de panelas e havia muitas pessoas trabalhando nas comidas.

O ódio tem seu tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora