O sol estava alto no céu quando Dylan voltou a Urucum. Dessa vez, adentrou mais fundo na cidade; passou pelas portelas da reserva e o cheiro da mata o trouxe nostalgia.
Fazia muito tempo que ele não ia até lá.
Ele podia ver as plantações do topo da colina em que a vila principal ficava, tanto as plantações para alimentos, quanto as plantações de pinus, eram belíssimas.
No bosque de pinus, as árvores que o povo cultivava e vendia para a fabricação de papel, ele via algumas pessoas saindo de lá sem nada nas mãos.
"Hoje o trabalho não é permitido." A aldeia era muito grande e o terreno em posse deles era maior ainda; Dylan podia ver as crianças pintadas com as cores de suas tribos correndo com potes e bacias para cima e para baixo.
Eles estavam preparando a cerimônia.
As casas eram muitas e o estilo sempre fez o moreno ser apaixonado pelas construções, o revestimento em barro era moldado em ondas como se fossem galhos entrelaçados nas paredes. "Essas cores... Aurora deve amar isso." A tinta usada era constituída a base da terra e havia desde o amarelo até o mais profundo marrom, mas sem dúvida o vermelho vivo era seu favorito.
— Você olha muito líder, olha muito e não ajuda. — Uma garota mais velha que Mad o cutucou. — Nem arrumado está!
A menina apontou para as roupas dele.
Ali eles o chamavam de líder, pois ele era da família originaria da tribo, era aquele que liderava fora das fronteiras deles e o responsável por representá-los.
— Me desculpe, como é seu nome irmãzinha? — Ela se sentou no chão pedindo que ele se sentasse de frente para ela. — Não me chame de líder, sou seu irmão, ou não está vendo meus olhinhos tão puxados quanto os seus?
A menina sorriu e puxou o braço bom dele para começar a pintar.
— Madá, é meu nome, irmão. Você é mais escuro que eu, você honra o nome Black. — Ele riu. — Que padrão quer que eu faça? Eu que pintei muitos hoje cedo, sei todos, menos os dos Kavajutinga; não vai querer o deles, não é mesmo?
A garota de cabelos escorridos e pele amarelada tinha uma cara de espanto divertida e Dylan se fingiu ofendido com a pergunta.
— Como ousa perguntar!? Não sou eu o neto da Bisa, sua protetora? Sua mãe não a educou?
— Me desculpe, desculpe... eu sinto vergonha. — Dylan se arrependeu quando viu os olhos dela lacrimejar.
Ele riu para mostrar que não falava sério.
— Não precisa se desculpar, estou brincando com você. — Madá ficou brava e largou a tinta. — Me desculpe mesmo, seria uma honra ser marcado por suas mãos, Madá, sua mãe lhe educou bem, retiro minhas palavras.
— Estou fazendo o padrão da honra, irmão engraçado... metido a engraçado pelo menos. — Eles riram juntos.
A tinta preta deslizava formando padrões delicados em formatos de correntes e linhas ora paralelas, ora verticais. Enquanto ela pintava seu braço, o que não estava preso pelo gesso, Dylan podia observar o arredor se transformar.
Algumas mulheres limparam o chão das planícies que ficavam abaixo da aldeia, alguns homens carregavam lenha e fogueiras foram acesas. Muitas delas.
Postes de madeiras foram erguidos em uma das planícies e eles serviram de poio para as mantas estiradas para formar o teto do lugar, elas não cobriam o céu completamente, mas deixava tudo mais belo. O chão também recebeu os tecidos e logo o fogo estava cheio de panelas e havia muitas pessoas trabalhando nas comidas.
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O ódio tem seu tempo
RomanceOs Whitehorse e os Blackwood são magnatas no ramo da arquitetura e engenharia, devido a grande amizade entre as famílias ambas se uniram criando a empresa Time Home, que se tornou a maior e melhor do segmento através dos anos. Porém a era da amizade...