Capítulo 34 | Ficaremos bem.

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O suor frio em meu corpo que me faz estremecer, me recorda que não é fácil se sentir abraçado quando muitas pessoas já me apunhalaram pelas costas, que me jogaram pedras e cacos de vidro e se sentaram em uma poltrona confortável apenas para assist...

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O suor frio em meu corpo que me faz estremecer, me recorda que não é fácil se sentir abraçado quando muitas pessoas já me apunhalaram pelas costas, que me jogaram pedras e cacos de vidro e se sentaram em uma poltrona confortável apenas para assistirem eu me contorcendo de dor, agonizando até o meu último suspiro. Admito que com senhorita Henderson seja um pouco diferente, porém, não consigo fazer isso. Não consigo dar a ela tudo de mim, não consigo proporcionar a ela nem metade de mim. Meus demônios tomam conta da minha cabeça, lembranças perturbadoras que me mantem acordado por horas na noite me tornam seu refém.

Sou capaz de sentir o peso da minha mente, no momento eu não consigo nem mesmo me concentrar na garota em minha frente. Seus olhos parecem exaustos, como se não tivessem descansados nem por um segundo durante a noite. Isso me faz notar que eu não sou o único que carrega demônios insaciáveis em minha cabeça, se alimentando de cada parte sã de meu cérebro e talvez, enviando esses pensamentos que eu sei o quanto me fazem mal, eles também sabem.

— Donna, você está bem? — Murmuro, erguendo seu queixo para que me olhasse. Seus olhos perdidos e tão brilhantes, tenho medo de que esse brilho seja algo ruim.

Senhorita Henderson solta um suspiro pesado, se desvencilhando do meu toque e voltando sua completa atenção para o laptop onde digitava concentrada o nosso trabalho. eu deveria fazer alguma coisa para ajudar ela com o trabalho, porém, eu não sei de porra alguma de geometria. Percebo que seus olhos se apertam, suas mãos passam pela sua nuca ao redor da camisa social branca do uniforme e estala seu pescoço.

— Eu estou cansada — franzo os cenhos, acariciando as têmporas e pensando no que deveria falar ou fazer nesse momento, o problema é que a minha mente é muito suja. Então, vou deixar meus pensamentos maliciosos de lado por um minuto e dizer o obvio.

— Durma. — Sorrio, voltando o olhar para o livro. Fingindo que estou procurando alguma coisa. — Estamos no meu quarto, e como todo quarto ele tem cama. — Digo baixo. — Eu termino o trabalho. — Puxo o laptop da mão dela, analisando a página do Word. Caralho, ela escreve muito rápido.

— O trabalho já está pronto, Sean.

Ergo os olhos, um pouco incrédulo e aliviado. Donna se levanta da cadeira giratória e caminha até a cama deixando os rastros de seus sapatos ao tirá-los antes de se jogar desajeitadamente na cama de casal, seu rabo cavalo quase se desfaz deixando que alguns fios loiros escuros se esparramem pelo travesseiro e até mesmo pelo seu rosto. Seu peito sobe e desce pela sua respiração pesada e sua mão é levada até sua testa, acariciando o local enquanto seus lábios se abrem para balbuciar algo que eu não pude entender corretamente.

Forço meu corpo a se levantar do pufe em que estava sentado e arrastar até a cama, tiro a jaqueta do time que pode machucá-la com os botões e me deito na cama ao seu lado. Eu sei que Donna aguenta muita coisa, sei o quanto ela se cobra e o quanto é desgastante viver uma vida onde é preciso ser perfeito, meu estomago embrulha quando imagino ela no futuro, iludida pela perfeição que ela mesma criou em sua cabeça. Me pergunto se ela estará bem, se eu estarei ao seu lado para confortar quando seu mundo cair ao perceber que todo seu esforço, sua infância e juventude jogada no lixo e sua saúde mental, pode não ter sido o suficiente para chegar onde queria. Suspiro ao escutá-la fungar, meus ombros se endurecem por meu corpo não estar nem um pouco confortável com isso. Donna entende, e é por isso que ela se vira para o lado oposto ao meu.

Até o Fim do Jogo [Att todos os dias]Onde histórias criam vida. Descubra agora