Até o Fim do Jogo [Att todos os dias]

Capítulo 61 | Depois de todos esses anos.

Seu cabelo cresceu um pouco mais.
Seus braços parecem um pouco mais fortes. Seus olhos estão exatamente como eu lembrava. Seu sorriso está um pouco mais suave.

— All these years, Camila Cabello.

      Meus dedos escorregam pelos botões da camisa social, um por um, me trazendo um estranho incômodo de que estou engomadinha demais para o primeiro dia. O dia em que finalmente iniciarei a minha residência para cirurgia geral, eu não estou contando com que seja escolhida de primeira para participar de alguma cirurgia, mas espero pelo ao menos assistir. Prendo os meus cabelos longos em um rabo de cavalo (terei que prendê-los em um coque mais tarde mesmo) e pego a minha pasta, checando tudo o que estava ali dentro. Está faltando algo? Não. Não está. Na verdade, eu não faço ideia se está ou não.

— Parece tensa, devo ficar preocupado caso mate algum paciente na mesa de cirurgia? — escuto Jason e me viro, seus braços envolvem a minha cintura e tento controlar o sorriso que se forma no canto dos meus lábios. — Relaxa, respira antes de tudo. Dará tudo certo. — Concordo com a cabeça, apertando os olhos e deixando o meu peito inflar e soltar o ar pelo ao menos umas cinco vezes antes de me desvencilhar dos toques dele.

Semana passada Jason e eu completamos dois anos de casados, eu mal consigo me lembrar de quando permanecia completamente fechada na faculdade em relação aos garotos. Eu não tinha tempo para brincadeiras, meu tempo estava dividido entre estudar, trabalhar e cuidar de Charles. Thomas cuidava dele nos finais de semana para que eu pudesse trabalhar, sim, Thomas veio para Boston. Acabou passando em Harvard na segunda chamada, o que me deixa intrigada; ele queria a UCLA e isso me fez repensar no motivo de ter escolhido a sua segunda opção: Charles e eu. Na minha cabeça eu não precisava, mas duas semanas com um bebê gritando de dor me fez mudar de ideia rapidamente. Como um belo passe de mágica. Porém, quando Jason Martin apareceu foi quase como um alivio. Deixei que a minha mente finalmente se libertasse do meu passado. Ele se aproximou com conversas bobas e descontraídas (mesmo fazendo direito e todos exigirem seriedade dos estudantes), ele foi me conquistando com o tempo. Em passinhos de tartaruga, praticamente.

— Não há como matar ninguém, eles não me escalariam para fazer alguma coisa no primeiro dia de trabalho — Eu acho.

— Essa é uma das coisas que você tem certeza? — Não preciso olhá-lo para saber que está sendo irônico. Escutar a risada dele o entrega completamente — Aurora pediu para não se atrasar para o aniversário dos gêmeos e... Donna? — desvio o olhar do celular para ele, não escutei nada. Ele sabe como a minha manhã é bastante corrida.

— Desculpa, estava vendo os compromissos. Ai, eu não comprei os presentes dos meninos, Jay! Como o Charlie irá se... — paro de falar quando ele aponta dois embrulhos vermelhos brilhantes em cima do guarda-roupas, suspiro aliviada — É do...

— Sim, capitão américa para o mais velho e Homem-Aranha para o mais novo — solto um riso fraco, me esticando e dando um beijo casto em seus lábios. Ele é o melhor.