A cicatriz que eu não posso reverter. Quanto mais cura, mais machuca. Dei cada pedaço de mim. Não quero arriscar perder, não sei como ficar tão perto de alguém tão distante. (...) E tudo desabou.— Dynasty, MIIA.
É inevitável segurar o suspiro quando vejo a fachada do colégio San Diego, é bom ter tudo o que eu sempre quis, um futuro garantido; uma visão da vida. Porém, arrepios percorrem ao meu corpo assim que vejo todos os jogadores reunidos, parece que eu sempre vou viver com a sensação de que poderá acabar rapidamente. Parece que tudo o que eu vivi nesse último ano foi só uma ilusão, por ser arrebatador, intenso, catastrófico, por ser mais do que eu imaginaria sentir. Por ser mais do que eu imaginaria aguentar. Por ser mais.
Coloco as mãos nos bolsos da beca e ajeito o capelo, essa coisa estragou o meu penteado, mas tudo bem. Espero que tenha estragado o dos outros também. Me aproximo dos meninos que estavam escorados nos armários, formando uma barreira entre si. Daniel e Liam não me olham nos olhos, apenas me dá uns tapinhas nos ombros. Arwin me abraça, sorridente.
— Animados? — indago, olhando no rosto de cada um.
— Sim, vamos logo. Eu não quero perder o discurso da Donna! — Arwin diz, parece até que um arco-íris se formou atrás dele de tanta felicidade. Não o julgo, a única coisa que eu gosto da escola é o futebol e a minha vida de garoto popular, agora não ligo para isso, serei popular na faculdade.
— Espera — franzo as sobrancelhas com a voz de Liam, paro de andar junto a Aaron e giro os calcanhares na direção dele. Gesticulo para Aaron prosseguir andando e guardar os nossos lugares. Daniel o acompanha, eu nem precisei pedir. — Tenho uma coisa para você, amigo. Eu iria te dar depois da formatura, entretanto... bom, você irá descobrir.
Flexiono o maxilar, sem desviar dos olhos dele. Era frio e me causa náuseas, permaneço firme, nada iria me abalar agora. Liam retira de seu bolso uma medalha banhada a ouro, eu a reconheço, ele a comprou. A saliva desce apertada em minha garganta, pego a medalha e reparo nos detalhes, de repente, tudo fica pequeno, me apertando; me sufocando. Ergo o olhar para Liam que sorri de canto como se estivéssemos vencidos mais um jogo.
E vencemos.
Eu venci.
Ou perdi tudo.
— Eu não quero — entrego a peça para ele, meus ombros se enrijecem e eu me pergunto: Onde ele estava com a porra da cabeça?
— Mas é sua, pegou o fruto proibido. Era uma coisa que todos nós queríamos, então você a merece, Wolfhard.
As palavras dele faz com que a minha respiração se esvaia. Um ano atrás, os alfas criaram o jogo, cada menina que a gente pegava valia bronze, prata ou ouro. Eu nunca entrei nisso, mas por ser um dos jogadores, estava praticamente dentro. Donna era o alvo principal de muitos jogadores, todos a queriam, a satisfação de pegar a filha virgem e nerd do diretor poderia não caber no peito. Jogar na cara e depois humilhar, o ciclo sem fim, nojento, repugnante e inaceitável.
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Até o Fim do Jogo [Att todos os dias]
Novela JuvenilDonna Henderson faz com que sua vida siga regras totalmente diferentes de uma adolescente normal de dezessete anos, a filha mais velha e exemplar do diretor do mais prestigiado colégio da Califórnia, Donna se sente pressionada ou até mesmo destinada...