Capítulo 10 | Entre nós.

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"Ela é louca, mas é mágica, não há nenhuma mentira no seu fogo"

— Charles Bukowski.

     Acho que sempre foi assim, não importa quantas coisas eu saiba fazer excepcionalmente, não importa o quanto acerto ou tento consertar meus erros, eu sempre voltarei para o fundo

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Acho que sempre foi assim, não importa quantas coisas eu saiba fazer excepcionalmente, não importa o quanto acerto ou tento consertar meus erros, eu sempre voltarei para o fundo. Como se uma âncora estivesse me puxando para o fundo do oceano e me forçasse ali, paralisado, ferindo meu ego e acabando com minha personalidade aos poucos até... Eu me tornar alguém que não sou capaz de reconhecer. Mas, tudo bem, afinal, eu sempre venço no final.

Dizem que o maior medo de um controlador é ser submisso de uma mulher, sou a prova viva de que isso está errado. O maior medo de um controlador é ser submisso de algo que ele não faz ideia do que seja.

Minhas mãos passam aleatoriamente pelos meus cabelos desengrinaldo-os aos poucos, a garota a minha frente não para de falar e isso faz com que a última gota da minha paciência escorra pelos meus dedos. Eu sei que Madison não tem culpa, mas... puta que pariu, que mulher chata da porra. Aperto os olhos toda vez que ela toca meu rosto clamando pela minha atenção. Ela percebe, e isso a arranca um longo suspiro.

— Sean, que porra tá acontecendo com você, huh? — olho ao redor, noto que as líderes de torcida nos observam e cochicham entre si.

— Não está acontecendo nada. — Digo, firme. — Semana que vem é Halloween, farei uma festa na minha casa a fantasia. Convide as garotas. — Me levanto do banco da arquibancada que estava sentado e desço as escadas para voltar ao campo. Madison não diz mais nada, acho que ela está feliz por eu ter pronunciado mais de quatro palavras em uma só frase.

Enquanto ando pelo campo, sou desprovido da sensação que é sentir a grama molhada em meus pés pela chuteira. O cheiro é nítido, apesar de tudo. Arwin vem correndo até meu encontro com seu capacete embaixo do braço e um sorriso de orelha a orelha, me sento na grama enquanto o treinador conversa com os reitores das faculdades.

Apesar de estarmos em outubro, os reitores passam pelas escolas à procura de jogadores prodígios para conhecer o time de futebol de sua faculdade e ainda somos privilegiados com uma partida, se conseguíssemos impressioná-los durante esse passeio; estaríamos dentro.

Arwin se senta ao meu lado, ofegante. Acredito que o garoto estava fazendo exercícios de iniciação.

— Quem você acha que eles vão escolher? — Arwin olhava para os homens com certo receio, sinto o mesmo medo que ele. O medo de não ser bom o suficiente. De acordo com minha carreira, eu tenho tudo para entrar, porte físico, talento, notas medianas, histórico de 18 jogos vencedores. É, eu seria um hipócrita se dissesse que não sou bom o suficiente, estaria rebaixando todos os meus companheiros de time.

— Não faço ideia, mas não fica perturbado com isso, é apenas um passeio. — Tento o tranquilizar.

— Você sabe que não é apenas um passeio, eles irão levar o futuro águia daqui. Vamos passar de lobos para águias. Não é demais?! — ele diz, empolgado. Eu gostaria de estar empolgado como ele, mas há algo de errado comigo. Não sei, parece que quebrei e tudo que enxergo a minha volta é cinza. — Cara... seria incrível se eles levassem nós dois. Imagine só! — Arwin abre um portal no ar para o nosso futuro imaginário. — Eu e você, em Nova Iorque! Adeus California! Adeus calor! — sou obrigado a rir, não só pelo fato dele querer que os reitores levem dois para a faculdade, mas, pela cara de idiota que ele esboça.

Até o Fim do Jogo [Att todos os dias]Onde histórias criam vida. Descubra agora