Capítulo 57 | Tão bom que dói.

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"Eu andava solitário há um tempo. Décadas."

— Charles Bukowski. (Sentiram saudades do véi?)

       A noite de ontem na casa da Donna foi inesquecível, acredito que para todos que torciam por ela e principalmente para ela

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       A noite de ontem na casa da Donna foi inesquecível, acredito que para todos que torciam por ela e principalmente para ela. Eu nunca vi Donna e a mãe dela em um abraço tão longo e silencioso, sendo preenchido apenas pelo suspiro aliviado da senhorita Henderson. Foi um alivio para mim também, eu não imaginava uma coisa diferente para ela, pessoas inteligentes se dão bem na vida; essa é a regra. É o certo. É o aceitável. Eu não ligo muito para o que o futuro me espera, eu gostaria apenas de tê-la nele. Eu posso não realizar o meu sonho de ser jogador profissional, posso não conseguir uma bolsa na faculdade por ser burro demais ou até mesmo trabalhar no Mcdonalds pelo resto da minha vida. Acredite, eu já pensei em várias coisas. É deprimente ter apenas um objetivo, sou o melhor quarterback da Califórnia; mas não sou o melhor do mundo. Significa que sempre haverá riscos de alguém me ultrapassar, ser melhor, mais rápido, mais forte, mais focado. Sempre haverá riscos.

Ergo o olhar para o treinador que anda de um lado para o outro com o olhar preso entre mim e Arwin, suspiro pesadamente, eu sabia que ele iria dar notícias sobre a nossa bolsa em Nova Iorque, os águias só aceitavam um jogador por semestre e sinceramente, Arwin merece mais. É a única oportunidade dele, eu posso tentar outras vezes depois. Não teria problemas, ele é inteligente, esforçado e pobre. Precisa de uma bolsa.

— Então, meninos. Os avaliadores prestaram muita atenção em vocês ao longo do semestre. Não estou falando apenas dos jogos, mas sim dos treinos também e no esforço de cada um — ele se senta, de frente para nós e ajeita o casaco do time depois de soltar um longo suspiro — Eles não conseguiram decidir entre os dois — franzo as sobrancelhas, indignado.

— Mas que...

— Mas eles têm uma proposta diferente para os dois — ele me interrompe ao dizer. Pisco os olhos e franzo os lábios, olhando-o. Arwin sorri de canto, minha nossa, parece que se derem uma vaga para ele de reserva; é capaz de ele ficar bastante feliz.

— Diga, treinador — Arwin se remexe na cadeira, agitado.

O treinador passa a mão pelos cabelos e abre a sua pasta preta, pegando os papéis com a logo de Yale. Seu olhar paira sobre o nosso antes de começar a falar, claramente:

— Sean, você foi aceito nos águias. Só que não ganhará uma bolsa integral, e sim metade, suas notas não são tão boas para isso — abro os lábios, tentando processar o que acabou de ser dito — Parabéns, garoto!

Olho Arwin e me volto para ele, eu queria isso. Muito. Me esforcei desde que comecei a jogar futebol, não perco um treino, dieta balanceada com muita proteína e academia três vezes na semana, sem contar as minhas lutas que faço sozinho. Então, o que há de errado?

— E o Arwin? — indago, o garoto de cabelos escuros ao meu lado ergue a cabeça para o treinador. Ansioso para uma resposta.

— Arwin ganhará uma bolsa integral, ou seja, não irá pagar nada e coisas do tipo, mas não entrará no time. Porém, os técnicos disseram que querem que ele tente passar no próximo semestre. Por isso estão o mantendo por perto. Precisa melhorar o desempenho, garoto — o treinador diz, se levantando e nos entregando os papeis que antes estavam em suas mãos. Quando ele deixa a sala, eu não sei o que dizer. Devo consolar ele? Posso oferecer ajuda e o preparar para o teste do time no ano que vem. Ele vai passar, eu tenho certeza.

Até o Fim do Jogo [Att todos os dias]Onde histórias criam vida. Descubra agora