"Não espere demais, na sorte ou nos outros, não há nada que não possa te decepcionar."— Charles Bukowski.
SEAN
Havia muito tempo que não via James e quase tive um susto quando o escutei, a voz dele engrossou muito. Nem parece aquele moleque de onze anos que brigava para ser o Batman. Pelas horas que passei com ele, percebi que o influenciei muito nos péssimos hábitos. Talvez seja algo que esteja no sangue, ou no dinheiro, dizem que ricos são imprudentes e insaciáveis. É verdade, faz sentido quando olho para trás e relembro a minha vida, a vida que eu tive e a vida que eu tenho. Elas têm uma diferença gigante, uma eu tinha dezoito anos e na outra eu tenho vinte e sete, então... É acho que está é a única diferença da vida antiga e da de agora. Eu estive nessa estrada desde os quatorze, me orgulho? Claro que sim e estou orgulhoso do primo.
Ah, é. Agora eu tenho um filho também.
— Olha, Henry, um tubarão! — Charles grita, apontando para o bicho enorme no aquário.
Resolvemos vir a um lugar que dê para privatizar, eu pensei no início que isso seria bem chato por ser só animais marinhos, porém, as crianças parecem estar se divertindo. Eu só não imaginava que dois patetas fossem me acompanhar, Thomas e Aaron, ainda trouxeram as crianças deles. Nada contra a Valerie, ela é um amor, mas os gêmeos me dão medo. Nos filmes de terror quando tem gêmeos, eles falam iguais e com uma voz robótica, pareço um idiota porque tudo o que eles fizeram foram correr de um lado para o outro e ainda tenho medo deles. Pobre Thomas, ele parece perdido.
— Vocês sabiam que os tubarões têm um pipiu como um guarda-chuva? Eu vi no Animal Planet! Tipo... Eles são dois. — Charles diz. Meu Deus, essa criança não assiste desenhos? Sei lá, talvez ursinhos carinhosos? Eu não faço ideia do que os pirralhos assistem hoje em dia.
— Onde tá? — Um dos gêmeos estica o pescoço para tentar enxergar o guarda-chuva do tubarão. Esse é o curioso.
— Só aparece quando ele está... — Tampo a boca do filho. Céus, eu não pequei tanto na minha vida para receber isso.
— Okay, okay. Chega de informações por hoje. — Os meninos me olham como se fossem me matar, solto o ar pela boca e me afasto lentamente. — O que acham de comer um hot-dog? — Remexo as sobrancelhas. Os três entortam os lábios, enojados.
— Yaaaay, hot-dog! — Valerie ergue os braços para o ar. Não sei como ela me escutou, estava um pouco afastada com Aaron, James e Luke olhando o polvo e tocando o vidro para ver se o molusco desgrudava os tentáculos. Valerie faz parte dos idiotas, tenho pena de quando ela virar adolescente. Eu sabia que ela iria gostar, ela come muito hot-dog nos jogos dos Lobos, quando a mãe dela não está, obviamente.
— Me ajuda. — Sussurro para Thomas, que estava amarrando os sapatos de um dos enteados. Ele ergue a cabeça, sorrindo de canto. Infeliz, a culpa não é minha que ele conhece melhor o meu filho do que eu. — Vai, eu preciso de pontos nesse jogo. — Ele suspira, se levantando e apoiando ambas as mãos na cintura enquanto olhava para o outro clone e Charles que ainda estavam tentando achar o guarda-chuva do tubarão.
— Quem quer comer pizza?! — Os garotos se viram na mesma hora.
— Eeeeeeu! — Falam em uníssono.
Thomas se vira para mim, convencido e diz: — Viu? Eu sou um paizão. — Reviro os olhos, envolvendo os ombros do meu garoto. Thomas olha novamente para o aquário e vê que um dos seus enteados ainda estava ali. — Henry, vamos comer! — Ele sorri, balançando a mão para o garoto seguir ele.
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Até o Fim do Jogo [Att todos os dias]
Novela JuvenilDonna Henderson faz com que sua vida siga regras totalmente diferentes de uma adolescente normal de dezessete anos, a filha mais velha e exemplar do diretor do mais prestigiado colégio da Califórnia, Donna se sente pressionada ou até mesmo destinada...