Um amor como aquele é uma doença grave, uma doença da qual você nunca se recuperará completamente.
— Charles Bukowski.
Ajeito a bolsa no ombro e desço as escadas rapidamente, estou muito ansiosa para hoje. Sean fez muito mistério, pediu para que eu não vestisse nenhuma roupa de gala porque o lugar não era chique. Então eu apenas coloquei uma calça jeans clara, uma blusa leve de botões na frente na cor azul-céu e um tênis branco. Permiti que meu cabelo ficasse solto, mas tenho o prendedor na bolsa caso ele fique rebelde.
Ao chegar na sala, abro os lábios surpresa ao ver a figura de minha semelhança segurando uma xícara de chá e assistindo "Full house" com o meu irmão.
— Mãe? — murmuro, chamando sua atenção.
Ela se levanta, ajeitando o blazer sobre o seu corpo e enfeitando o rosto com um sorriso mínimo. Se aproxima devagar e silenciosamente, passando os braços ao meu redor. Assustada, retribuo o gesto de afeto que não sou acostumada vindo dela. Me afasto, franzindo as sobrancelhas.
— Você e papai...
— Estamos tentando — ela diz, segura o meu queixo e analisa o meu rosto — Está tão linda querida, onde está indo? — sorri.
Eu não vejo nenhum resquício de maldade, ela apenas quer saber, talvez ficar mais próxima da minha vida, talvez ela realmente esteja tentando. Tento não criar esperanças, mas meu coração já se enche ao pensar na possibilidade de ela estar melhorando.
Semana passada, meu pai me contou que mamãe foi diagnosticada com depressão pós-parto, por incrível que pareça, ela só descobriu isso no início do ano e desde então, está fazendo o tratamento corretamente. Achávamos que ela tinha apenas um caso sério de TOC e ansiedade, mas não era apenas o perfeccionismo dela que assustava, era o jeito dela ser mãe. Isso fez todo o sentido, fico pensando se Luke e eu teríamos uma infância legal se ela tivesse descoberto a doença na minha gravidez, porque sim, pelo o que parece, ela ficou doente na minha gravidez. Meu pai disse que estava acompanhando o tratamento dela, que ela parecia melhor e que sentia saudades de mim e de Luke. Pediu a nossa permissão caso ela queira nos ver, Luke não pensou duas vezes antes de dizer "sim", eu, por outro lado, fiquei relutante; mas claro que aceitei.
— Eu vou sair com o Sean — sorrio, não me sentia confortável em falar com ela sobre ele, mas eu também precisava tentar. Por ela.
— Oh, o filho do Harvey? — fala, baixinho. Concordo com a cabeça, mordiscando o interior dos meus lábios, nervosamente — Tome cuidado com ele, querida — seu olhar recai, diretamente para os meus olhos em um pedido silencioso — Eu conheço aquele tipo de garoto, mesmo sem querer, ele pode deixar você em pedacinhos.
Posso sentir uma pontada em meu coração, engulo em seco e balanço a cabeça, devagar. Eu não sabia o que dizer, ela não me obrigou a largar ele ou me mandou ir para o meu quarto estudar; eu acho que essa figura em minha frente é apenas Genevieve Henderson tentando dar um conselho.
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Até o Fim do Jogo [Att todos os dias]
Novela JuvenilDonna Henderson faz com que sua vida siga regras totalmente diferentes de uma adolescente normal de dezessete anos, a filha mais velha e exemplar do diretor do mais prestigiado colégio da Califórnia, Donna se sente pressionada ou até mesmo destinada...