A palavra morre no momento em que é proferida - dizem alguns. Eu digo que ela começa a viver naquele momento.— Emily Dickinson.
SEAN
Eu nunca imaginei que veria uma criança CHORAR por não ter ganhado um troféu bobo de ciências, ele deveria chorar por querer doces, para ver o filme da madrugada ou ir à casa de amigos, não por ter perdido um troféu. O pior é que Charles e a garota ficaram em segundo lugar (sim, apesar de tudo, os professores ficaram impressionados pelo garoto ter construído um robô do zero) e então, ganharam uma medalha dourada. A menina adorou, saiu saltitando, o garoto odiou, saiu arrastado pela mãe.
Donna pediu para que eu passasse o dia com ele, como está chegando a época de feriados no fim do ano, resolvi levá-lo ao shopping para me ajudar com os presentes de natal. Ele precisava se distrair, só que ele está tão triste desde que chegou, que eu não sei mais o que fazer para animá-lo. Estava "disfarçado" com roupas discretas, óculos escuros e boné para esconder os cabelos. Tenho sorte por ninguém ter me reconhecido desde que cheguei, me sinto o Clark Kent.
— Se continuar assim, vai me deixar em depressão. — Pego sua mão, o levando para dentro de uma joalheria.
— O Marvin tinha funcionado lá em casa, ele falou as horas certinhas. Eu testei! Não sou louco! — Charles balança seu braço para que eu o solte, não faço isso. Misericórdia se eu perder esse garoto outra vez, poderia me desconsiderar o pai do ano.
— Charles, não deu certo... — Remexo os lábios, não sei o que dizer para crianças. — Supera. — Dou de ombros, me aproximando do vendedor, ignorando a cara fechada da criança. — Eu queria olhar uma joia. — Sorrio fraco, encarando o cara barrigudo e barbudo na minha frente.
— De que tipo? — Ele indaga, soltando o ar. O cara tem tantas olheiras que eu me pergunto neste exato momento se deixaram ele trabalhar aqui por pena, geralmente, pessoas mais com o nariz em pé que vendem joias. Esse cara não está nem um pouco feliz com o trabalho dele.
— É... Brilhante. — Entorto os lábios, eu sou péssimo em comprar joias.
— Todas são brilhantes e caras aqui, senhor.
— Eu quero uma que diga: Donna Henderson. — Enfio as mãos nos bolsos, sorrindo de canto.
O cara me olha por alguns segundos, acho que a cara de desgosto dele já diz que não tem, ou ele não entendeu.
— Nenhuma joia diz isso, senhor. — Murmura, se controlando para não revirar os olhos. Ele apoia os cotovelos na bancada e a cabeça em suas mãos, me olhando. — Dá um colar de rubi, mulheres adoram isso.
— Hm, deixa eu ver... — Estico o pescoço, o observando pegar a caixinha de veludo preta do colar.
— Por que não compra um anel de diamantes? — Charles pergunta, erguendo a cabeça.
— Isso é para noivado. — Digo, ainda prestando atenção nas caixas que o moço retira de dentro da parede de vidro.
— Por que não compra um anel de diamantes? — Franzo as sobrancelhas, o olho e avisto seu sorriso começando a se formar. Charles remexe as sobrancelhas.
— Já conversamos sobre isso. — Faço uma voz séria, porém afetada.
— Não, você só me deu cinquenta dólares para não o chamar mais de cavalo.
— É, isso foi uma conversa.
Me volto para o vendedor, ele mostra vários estilos de colares com rubis. Acho que Donna não tinha muitos desses, ela tem mais anéis por ser uma tradição ganhar um em todo seu aniversário. Mas colares? Nunca vi ela usando um colar desse tipo, geralmente é ouro com pingente delicado, não pedras. Escolho o que mais me agradou, com ouro branco e rubis, é bonito e eu acho que ela irá gostar muito. Presente comprado.
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Até o Fim do Jogo [Att todos os dias]
Roman pour AdolescentsDonna Henderson faz com que sua vida siga regras totalmente diferentes de uma adolescente normal de dezessete anos, a filha mais velha e exemplar do diretor do mais prestigiado colégio da Califórnia, Donna se sente pressionada ou até mesmo destinada...