Capítulo 64 | Não faz sentido.

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Cheguei numa fase da minha vida que vejo que a única coisa que fiz até agora foi fugir, fugir de mim mesmo, do meu nada, e agora não tenho mais para onde ir, nem sei o que vou fazer, fui péssimo em tudo.

— Charles Bukowski.

     Eu não sei explicar a sensação de ver novamente alguém que, mesmo com tudo, nunca saiu da minha cabeça

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     Eu não sei explicar a sensação de ver novamente alguém que, mesmo com tudo, nunca saiu da minha cabeça. Minha garganta faz um bolo gigante, impedindo com que eu fale qualquer baboseira, meu olhar não se desgrudava dela. Eu me sinto como se estivesse tendo um deja-vú, como se o tempo não tivesse passado e pudéssemos reescrever a história, pudéssemos virar o jogo. Como se eu tivesse uma segunda chance, ou melhor, como se as chances não existissem porque no passado eu quebrei o Liam na porrada e fiz ele esquecer essa história de ganhar ou perder.

Volto para a minha realidade, a realidade que não é tão ruim, mas também não estou satisfeito. Não sou idiota de ficar satisfeito, não sem ela.

— Mãe, é o Sean Wolfhard! — Abaixo o olhar para a criança, franzindo as sobrancelhas.

Mãe?

— Eu disse para você não sair do quarto — Donna se abaixa um pouco, sussurrando para o garoto que se encolhe.

— Eu só fui na piscina e não fui no fundo. Eu juro que não fui. Não é, Sean? — o garoto se dirige a mim, mas não estou em condições de confirmar nada.

Apenas nego com a cabeça, meu estômago estava dando pontadas e a pele da mulher na minha frente estava pálida, seus lábios completamente secos, ela está nervosa.

— O seu tio está no quarto, vá até ele.

— Mas mãe... O Sean... — O garoto arrasta a voz, parece que é a forma que ele tem de contrariar.

— Charles. — Donna ainda tem a voz firme, não é preciso mais do que isso para Charles sair andando enquanto bate a sua bola no chão várias vezes.

Coloco as mãos dentro dos bolsos da minha bermuda e volto a me sentar, olhando o nada, ela entende o meu choque e se senta na cadeira ao meu lado. Esse ar adulto e maduro me assusta, ela parece ter adquirido mais dele do que eu e isso também me assusta.

Ficamos parados por um tempo, o silêncio era quase palpável, eu podia sentir o quanto ela estava desconfortável, seus ombros se remexiam por pura aflição e eu me sentia um idiota porque tenho coisas na ponta da língua e ainda não consegui abrir a porra da minha boca.

— Donna, eu preciso saber se... — Engulo em seco, as palavras nem mesmo saiam da minha boca. Reparando bem o garoto, ele tinha características de um Wolfhard. Eu reconheceria aqueles olhos bicolores, são da minha mãe.

— Não, não é — ela diz, quase inaudível. Eu não consigo sentir verdade em suas palavras.

Resolvo ficar quieto, ela disse que não era. Não posso perturbar mais, porém se eu for mesmo o pai, tenho o direito de saber. Meu olhar recai sobre seu corpo, especificamente para a sua mão onde havia um belo anel de diamantes junto com uma aliança.

Até o Fim do Jogo [Att todos os dias]Onde histórias criam vida. Descubra agora