Capítulo 5 - Perdidos na caixa

300 36 187
                                    

Num lugar desconhecido, 15h30...

Abri os olhos e doía-me a cabeça. Estava deitado no chão.

Levantei-me e a Anna estava encostada a uma parede perto de mim.

Mas... Ela estava literalmente vestida de empregada doméstica.

– Por que é que te vestiste assim? – Perguntei enquanto me levantava.

– Tu também não estás muito diferente. – Ela olhou para mim de cima a baixo.

Resolvi fazer o mesmo e eu usava agora uma roupas de garçom. Eu e a Anna estávamos vestidos a condizer...

– O quê? Quem foi o sacana que me vestiu estas coisas?! – Berrei furioso.

– Ao que parece, estamos dentro da caixa que o Shadow segurava. – Ela desencostou-se da parede e olhou para o teto.

A parte de cima da sala onde nos encontrávamos tinha uma luz bastante forte. Era difícil olhar para cima.

– Tens alguma ideia de como podemos sair daqui? – Perguntei, olhando para ela.

– Sair? Só se fores tu. Eu vou ficar aqui e vou acabar com o Shadow. – Ela repreendeu-me com o seu olhar medonho.

Acho que não tinha muitas escolhas. A probabilidade de conseguir sair deste espaço sozinho era quase nula. Para isso, mais valia ficar com a Anna. Pelo menos garantia a minha própria segurança (acho eu...).

– Parece um labirinto... – Comentei assim que começámos a andar.

As paredes eram altas, com pelo menos vinte metros, e tinham vários caminhos que podíamos seguir. O próprio espaço onde nos encontrávamos era estranho: o chão tinha um padrão de quadrados brancos e cor de rosa, as paredes tinham desenhos e riscos, do chão nasciam cogumelos, e do teto saíam flores pretas e brancas. Parecia um cenário saído de um filme (a própria vida que estava a levar parecia ter saído de um filme...).

– Vestidos à empregados num lugar estranho... As coisas não podiam ser melhores. – Barafustei enquanto caminhava atrás da Anna.

– Não precisas de vir comigo. – Disse ela, com a sua expressão séria.

– Não me quero perder aqui, por isso é melhor seguir-te... – Resolvi falar da mesma forma séria que ela.

Virámos num corredor e surgiu uma macieira do teto, carregada de maçãs bem vermelhas.

– Este lugar é tão estranho... – Resmunguei enquanto a Anna se aproximava da macieira.

– Maçãs... – Comentou ela, baixinho.

No mesmo instante, uma tartaruga cheia de piercings e cicatrizes em todo o corpo saiu da macieira e tentou atingir a Anna, levantando assim uma nuvem de poeira após executar a sua investida.

– Anna! – Gritei aflito assim que deixei de a ver por causa de todo aquele fumo.

Momentos depois, a poeira assentou e ela segurava duas espadas, finas mas afiadas, e as mesmas estavam cruzadas, como uma espécie de escudo que ela tinha usado para se defender do ataque feroz daquela tartaruga. A rapariga recuou, raspando com as solas dos sapatos de empregada no chão.

– Deves ser burro se achavas mesmo que eu ia cair na tua armadilha. Atraíres-me com maçãs?  A sério? Julgas que sou alguma criança que podes enganar com doces? – Gozou ela, golpeando a criatura na barriga.

– Desaparece! – A Anna esfaqueou a tartaruga metaleira com uma das espadas e a mesma caiu no chão, morta.

– Vamos continuar. – A Anna sacudiu a espada ensanguentada e foi-se embora.

Anna [Pausada]Onde histórias criam vida. Descubra agora