Capítulo 48 - Susy

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Terreno abandonado, 2h20...

Achei mesmo que aquela luta só ia acabar quando um deles matasse o outro, mas acho que até mesmo o Shadow estava cansado para continuar a lutar. A Anna voltou a pegar na espada do seu pai e o Shadow ergueu um dos seus braços no ar. Estavam ambos prontos para continuar a lutar, mas alguém desconhecido interrompeu-os.

– Parem com isso. – Uma voz calma e baixa disse. Segui o som de onde a voz tinha vindo e em cima de um muro que havia ao redor do terreno abandonado onde nos encontrávamos estava alguém com uma capa.

– Bem, vou indo embora. – O Shadow disse e foi rodeado por vento, tal como tinha feito comigo quando me estava a controlar. Mas do nada, o vento que o rodeava desapareceu e ele continuou no terreno. Ele próprio parecia estar confuso com o que tinha acontecido.

– O que é que...? – O Shadow deixou escapar.

– Não te vais embora. – A mesma voz calma e angelical disse. Notava-se que era a voz de uma rapariga.

– Está calada! – O Shadow disse e lançou-lhe uma esfera negra, vinda da sua boca.

A rapariga não se mexeu e a esfera foi cortada em dois quando quase alcançou o seu corpo.

– Vento? – Deixei escapar. Tudo indicava que aquela brisa tinha surgido por causa dela, e se fosse esse o caso, então isso explicava por que é que o vento do Shadow tinha desaparecido.

– Então ela é... Uma feiticeira do Ar? – A Anna questionou-se a si própria.

A rapariga saltou do muro e correu até ao Shadow, cortando todas as esferas que ele lhe lançou com brisas de vento. Com um movimento de braço ela lançou uma grande brisa na nossa direção e achei que aquilo nos iria cortar, mas em vez disso, a brisa passou por nós e só cortou os demónios que tinham surgido vindos de trás.

Enquanto a rapariga corria o capuz da sua capa saiu e ficou para trás, confirmando que aquela pessoa era de facto uma rapariga. Tinha cabelos azuis claros e pelo nível dos ombros. Eram de um tom azul mesmo muito claro, da cor da água.

Tinha olhos castanhos escuros e parecia ter a nossa idade. Aparentava ser bastante forte. O seu nível mágico era muito mais elevado do que o meu e do Jack e o Zac, do Segundo Mundo.

Ela fazia surgir correntes de vento sem sequer mexer os braços ou as mãos. Ao longo da luta a sua capa foi levantando e consegui ver que ela usava ligaduras nas pernas, uns chinelos de dedo bastante detalhados e também usava ligaduras nos pulsos até meio do braço, a meio da zona até aos cotovelos.

O Shadow criou uma grande explosão depois de cuspir uma coisa nojenta e a rapariga afastou-se, ficando apenas a olhar para o demónio.

– Há algum tempo que não via um demónio assim tão forte. – Ela disse com aquela voz angelical e confesso que tinha vontade de sorrir quando a ouvia falar.

– Eu vou matar-te, rapariga nojenta... – Ele grunhiu, ainda na sua forma de monstro.

Uma espada surgiu atrás dele e atingiu-o nas costas, fazendo-o guinchar.

– Quem é que invocou aquela arma? – Perguntei e olhei para toda a gente que estava presente no local.

– Foi ela. – A Anna disse enquanto olhava para a rapariga com as mãos a tapar a boca.

Espera, oquê? Como é que ela podia ter invocado aquela arma?

– Estás a dizer que ela também é uma... – Perguntei meio gago.

– Mestre de Armas... – A Anna completou a minha frase ainda com as mãos na boca enquanto observava a rapariga a lutar.

Ela não fazia esforço para conseguir fazer frente ao Shadow. Aquela luta parecia uma brincadeira para ela.

A rapariga invocou um machado e lançou-o contra o demónio, atingindo-o num dos olhos (sei que não devia ter pena dele, mas aquilo devia ter sido doloroso; achava que me doía mais a mim do que a ele, mas pronto...).

A azulada ia saltando de um lado para o outro e mantinha sempre a mesma expressão descontraída, como se aquela luta não fosse nada de especial. Assim que ela invocou uma espada e cortou o Shadow, todo o seu corpo se transformou em poeira e foi voando pelo ar enquanto se espalhava.

– Ele não morreu, pois não? – A Anna perguntou preocupada. Se o Shadow tivesse morrido, lá se ia a vingança dela...

– Não. Apenas desapareceu. – A rapariga disse e fez desaparecer as suas armas.

– Quem são vocês? – A mesma perguntou com uma expressão tão angelical quanto a sua voz.

Nossa...

– Lucas, Anna, Catherine, Noah. – Disse já um pouco babado.

– E Petra! – A mesma saiu do peito da Anna.

– Uma fada? – A rapariga do cabelo azul pareceu ficar surpreendida.

– Mas qual é o teu nome? – Desviei a conversa.

– Susy. Muito prazer, mas agora tenho que ir. – Ela disse e afastou-se, passando por nós.

– Por que é que nos ajudaste? – A Anna perguntou e ela parou de andar.

– Estava de passagem. Foi só isso. – Ela disse e voltou a andar, deixando-nos sozinhos.

Aquela miúda era literalmente um anjo...

Anna [Pausada]Onde histórias criam vida. Descubra agora