Capítulo 15 - Primeiro ataque

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Escola, 19h20...

Já se tinha passado uma hora desde que me tinha enfiado na sala de fotografia com a Anna, e estava a apanhar uma grande seca. Tanto eu, como a Petra...

– Vou dar uma volta. – Informei a rapariga, mas ela não me respondeu, como sempre (desta vez ela tinha desculpa, visto que precisava de se concentrar).

Fui até ao pátio da escola e tentei apanhar alguma rede no telemóvel. A sala de fotografias não tinha nenhuma.

– A Anna está mesmo empenhada em traduzir aquele livro todo, mas não me parece que o vá conseguir fazer hoje. Mesmo tratando-se dela. – A Petra veio ter comigo. Acho que até ela estava cansada e estar ali.

– Como é que a Anna está? Sobre quase ter despertado o seu lado demoníaco? – Resolvi perguntar, pois ninguém tinha tocado no assunto desde então.

– Ela não fala sobre isso... Mas provavelmente não acredita que isso quase aconteceu. Aliás, ela provavelmente nem se lembra do que aconteceu no museu. – A Petra explicou e desviei o olhar.

– Vai começar... – Comentei baixo assim que consegui apanhar alguma rede no meu telemóvel.

O aparelho esteve cerca de um minuto a vibrar, sem parar, enquanto caíam os milhões de mensagens e telefonemas da Maya. Esta situação começava a cansar-me...

– Isso é tudo da Maya? – A Petra arregalou os olhos e disse que sim com a cabeça, já cansado.

– Credo! – A fada surpreendeu-se.

– Mais vale dizer-lhe qualquer coisa... – Ignorei tudo o que a Maya me tinha enviado e mandei-lhe uma única única mensagem:

"Vou ficar sem bateria, por isso não te consigo responder às mensagens. Beijinhos.", era o que dizia.

Depois de desligar o telemóvel, fiquei a chutar uma pedra que estava à minha frente, quando uma voz interrompeu um dos meus chutes.

– Eu se fosse a ti ia ver como é que a Anna está. – Uma voz familiar disse-me e segui a direção de onde o som tinha vindo.

– Harry? – Exclamei ao mesmo tempo que a Petra, ambos surpreendidos por ver o rapaz. Ele estava sentado num dos ramos de uma árvore da escola.

Uma cobra branca subiu o tronco da mesma e enrolou-se no braço do rapaz, escondendo-se dentro da sua camisa.

– Esta cobra tem um veneno bastante potente e que se espalha pelo corpo com facilidade. Acho que a Anna não se ia dar bem se fosse mordida pela minha amiguinha. Queres dar a tua opinião sobre o assunto? – Ele olhou para mim pela primeira vez e arregalei os olhos depois de perceber o que ele me queria dizer.

Ele estava claramente a dizer-me que aquela cobra tinha envenenado a Anna enquanto eu e a Petra estávamos cá fora.

– Seu maldito... – Era óbvio que eu não tinha hipóteses contra o Harry, mas tinha vontade de lhe bater.

Percebi que aquela não era a melhor altura para uma briga e corri até à porta que me levava ao corredor da sala de fotografia juntamente com a Petra, mas a mesma estava trancada.

– Abre esta porcaria! – A Petra berrou ao Harry, mas ele já não estava lá. Tinha a certeza de que a cobra dele tinha fechado a porta, de alguma forma.

Tentei abrir a mesma, mas era impossível.

– Eu vou abrir isto a bem, ou a mal. – Senti uma das minhas mãos aquecer e dei um murro na porta.

Depois de furar o metal da mesma, vi que a minha mão estava envolvida com fogo e rapidamente sacodi a mesma, o que fez as chamas desaparecerem. Não é que eu me tivesse queimado, mas era estranho aquilo ter acontecido...

Através do buraco que tinha feito na porta com o meu murro, consegui pôr a mão dentro da mesma e rodei a maçaneta através do interior do edifício. Assim que abri a porta, eu e a Petra corremos o mais que pudemos até à sala de fotografia, encontrando assim a Anna estendida no chão e com uma fita branca à volta do braço. O mesmo estava roxo até ao nível da fita.

Com a boca, ela agarrava o tecido branco para que o seu nó não se desapertasse, e com a mão que tinha disponível segurava uma tesoura.

– O que é que pensas que estás a fazer? – Gritei assim que me aproximei dela e tentei tirar-lhe a tesoura, mas ela não deu tréguas.

– Se não cortar a parte envenenada, o veneno vai espalhar-se pelo resto do meu corpo! – Ela gritou com dificuldade e tentou dar um corte com a tesoura, mas eu impedí-a.

Tirei-lhe o material afiado e atirei-o para longe, para que ela não o conseguisse alcançar. Amputar-lhe o braço não me parecia ser a melhor opção.

– Vamos arranjar uma solução! – Tirei-lhe a fita branca do braço e ajudei-a a levantar-se do chão. Ela estava deitada no mesmo, de tão fraca que estava.

– Dá-me... A tesoura... – Ela disse a custo e puxou a minha camisa do colégio.

– Já disse que não. – Encarei-a e de seguida a mesma perdeu os sentidos, caindo sobre o meu peito. Não sabia exatamente o que fazer, mas amputar-lhe o braço estava fora de questão.

Guardei o livro e os cadernos da Anna na sua mala e coloquei a mesma nas suas costas. De seguida, coloquei a Anna às minhas cavalitas e saí da escola. Com certeza do Sr. Abraham saberia o que fazer.

Não percebia qual era o problema daquele sacana do Harry. Qual era a dele? Envenenar a Anna, assim? Só porque se lembrou de o fazer?

Durante o caminho até à casa do Sr. Abraham, o braço da Anna ficou ainda mais roxo, e já ia quase ao nível do seu ombro.

– Hey, Anna. Fala comigo! – A Petra tentou acordá-la durante o caminho, mas de nada serviu.

Corri o mais rápido que pude e assim que entrei na propriedade do Sr. Abraham, gritei por ele feito louco. Assim que o senhor abriu a porta e me viu com a Anna às costas, conduziu-me até a um quarto onde deitei a Anna numa cama.

– O que se passou? – O senhor pegou em vários frascos e começou a misturar um pouco dos seus líquidos numa tigela.

– Envenenada por uma cobra... – Dito assim do nada era estranho, mas depois de lhe dizer que tinha sido uma cobra enviada pelo Harry, ele pareceu menos confuso.

– Não sei se isto a vai ajudar, mas espero que sim. – O velho pôs uns pós dentro da taça, misturou tudo e deu uma colher daquela coisa peganhenta à Anna, que continuava inconsciente.

– Agora só nos resta esperar... – O Sr. Abraham olhou para a rapariga desmaiada e fechou os olhos.

Depois de meia hora com a Anna ainda inconsciente, resolvi avisar a minha mãe de que hoje não jantava em casa, e também avisei o Noah e os outros sobre o sucedido. Os mesmos chegaram dez minutos depois de lhes ter ligado, e ficaram chocados ao verem o braço da Anna, que não parecia estar a melhorar.

– Juro que quando vir o Harry... – A Catherine bateu com as mãos sobre os seus joelhos (pois estava sentada) e deixou cair uma lágrima, o que me deixou cheio de pena.

– Eu devia ter ficado o tempo todo com ela. – Deixei escapar, olhando para a Anna mais uma vez.

– A culpa não é tua, Lucas. Ninguém podia adivinhar isto. Eu também devia ter ficado com ela! Aconteceu contigo, mas podia ter acontecido com qualquer um de nós... – A Petra sentou-se sobre a minha cabeça.

Dirigi de novo a minha atenção para a Anna e fiquei a vê-la mexer-se ligeiramente na cama, com uma expressão de dor.

Porra!

Anna [Pausada]Onde histórias criam vida. Descubra agora