Capítulo 24 - Fim do jogo

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Caixa do Shadow, 20h30...

Anna On#

Depois de ser enviada para trás pelo Shadow mais uma vez, rebolei pelo chão e fiquei sem me mexer durante algum tempo. O corte que tinha na barriga começava agora a atacar todo o meu corpo com dores, e esforçar-me só fazia com que a ferida sangrasse mais. O meu vestido estava bastante rasgado, e depois de arrancar as mangas do mesmo, utilizei o seu tecido para envolver as feridas que tinha nos braços.

Tal como o vestido, as meias que usava a meio da coxa estavam com buracos, e uma delas estava agora ao nível do joelho. Sentia-me meia tonta e não sabia muito bem como usar os poderes de demónio que tinha ao meu serviço. E se mal me aguentava em pé com o lado demoníaco activo, então jamais conseguiria invocar qualquer tipo de arma.

Corri até um carrinho de laboratório que havia na sala e atirei todos os frasquinhos e caixas que lá haviam ao Shadow, na esperança de causar alguma reação química no seu corpo. Mas em vez disso, ele levou com todos os líquidos e agarrou o último que lhe atirei, transformando-o em algo parecido com um charuto e fumando-o.

Depois de o charuto acabar, o demónio fez surgir uma das suas esferas negras e sorriu-me, lançando-a contra mim. Não sei por que é que não me desviei daquele ataque, mas acho que não o fiz por falta de forças. Fui arrastada mais uma vez pelo chão da sala e dei o meu melhor para me ajoelhar no chão.

– Seu... – Grunhi com as poucas forças que tinha.

– Que divertido! – O Shadow levou as mãos ao ar e desatou a rir. Este tipo tinha mesmo problemas mentais...

Fechei os olhos e tentei encontrar alguma força, qualquer coisa, mas era impossível. Acho que já tinha dado o meu máximo.

Apoiei-me nas minhas mãos (pousando-as no chão) e mantive-me ajoelhada, até que senti algo abraçar-me pelas costas. As minhas bochechas começaram a arder e olhei ligeiramente para trás. Só podia ser ele...

– Lucas... – Tentei ficar séria, mas as minhas bochechas traíram-me.

– Não te magoes mais. – Ele parecia estar um pouco melhor, mas as suas feridas negavam-no. Para além disso, o seu rosto e corpo continuavam com algumas luzes azuis devido àquele líquido vindo da máquina que lhe tinha sido injectado. Eram uma espécie de pequenos raios que pareciam percorrer as suas veias e que emitiam luz, que se dava para ver através da sua pele.

As suas mãos ficaram com alguns fios e manchas de sangue assim que envolveram a minha barriga cortada, fazendo-me assim ter que conter um guincho com as dores. Não queria sair daquele abraço, mas tinha que o fazer. Não ia morrer sem derrotar o Shadow. E não ia de forma alguma deixar que fosse o próprio Shadow a matar-me.

Isso nem pensar.

O abraço do Lucas foi como uma espécie de bateria que me recarregou, e por isso tirei as suas mãos da minha barriga, correndo até ao Bob.

Sem parar de correr, arranquei a tesoura que lhe tinha espetado no peito e ele gritou. Confesso que pensei que já estivesse morto.

Parti a tesoura em dois e assim que me aproximei do Shadow fiz um "X" no seu peito, que automaticamente se encheu de sangue.

Iniciámos uma luta em que ambos nos atacávamos um ao outro, mas a certa altura ele recuou e ficou a uns passos de mim.

– Continuamos isto num outro dia. Não te importas, pois não? – Ele gargalhou e grunhi.

– Vá... Adeus, adeus, Rainha... – Ele disse e arqueei a sobrancelha. Rainha? O quê?

Momentos depois o Shadow desapareceu (assim como o Bob) e deixei os meus joelhos baterem no chão, ficando a acalmar a minha respiração ofegante enquanto todo o meu corpo tremia de fraqueza.

– Anna. – A voz do Lucas chamou-me e olhei para trás. Ele caminhava devagar até mim.

– Estive este tempo todo a recuperar-me para dizer isto... – Ele também se ajoelhou no chão (ficando à minha frente) e suspirou antes de continuar a falar.

– Por que é que usaste o teu lado demoníaco? – Ele reclamou de forma zangada e arregalei os olhos. Com que então ele esteve este tempo todo a recuperar as suas forças para berrar comigo?

– Achas mesmo que eu ia deixar que o Shadow te fizesse mal naquela maldita experiência? – Berrei de volta.

– Não, mas podias ter esperado que a Catherine e o Noah chegassem! – Ele respondeu no mesmo tom de voz alto.

– Por acaso vez aqui algum deles? Já chegaram? Se eu não tivesse usado o meu lado demoníaco, a esta altura já estaríamos ambos mortos! – Gritei ainda mais alto.

– Eu... – Ele cortou-se a si próprio e ambos olhámos para trás.

– Estou a interromper alguma coisa? – O Noah surgiu à porta da sala com uma expressão cansara, segurando a Catherine, o Kid e a Petra nas suas costas.

Anna [Pausada]Onde histórias criam vida. Descubra agora