Capítulo 31 - Segundo Mundo

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Segundo Mundo, 10h20...

Acordei entre montes de arbustos e a minha cabeça surgiu por entre eles.

Arregalei os olhos assim que vi a paisagem que me rodeava: o céu estava recheado de nuvens de várias cores; as flores abriam e fechavam sem parar; os coelhos tinham orelhas e cabeças grandes, mas por sua vez o, seu corpo era minúsculo; as árvores eram curvadas, ou então tinham ramos quase tão leves como cabelos, e falavam; entre outras coisas muito peculiares.

– Onde raio vim parar? – Levantei-me e sacudi a minha camisola cheia de ervas.

Comecei a explorar o local e lembrei-me da Anna. Antes de ter perdido a consciência, eu estava com ela junto àquele lago, no terreno abandonado. Mas depois disso, o corpo dela começou a desfazer-se em luzes, e logo de seguida o meu também, e por isso acabei por perder os sentidos.

– Anna? – Chamei alto na esperança de ter uma resposta, mas nada.

Continuei a caminhar por aquele local tão estranho e deparei-me com um cavalo. Tinha um pelo branco bastante bonito, crinas cor de rosa, e... Asas?

Provavelmente seria uma égua, mas um cavalo com asas?

O animal estava a comer calmamente, mas assim que me viu arregalou os olhos, caminhando com passos largos até mim.

– Wow! Calma, amiguinha. Não tenhas medo. – Tentei acalmar o animal, mas ela continuou a caminhar até mim.

Assim que me alcançou, a fêmea farejou todo o meu corpo e encarou-me com um olhar severo e desconfiado.

– Eu não tenho comida, se é isso que queres saber... – Sabia perfeitamente que um cavalo não percebia o que eu estava a dizer, mas falar com ele foi a única coisa que me ocorreu fazer.

– De onde é que conheces a Anna? – Saltei assim que aquela égua falou.

– Quem diabos és tu?! – Assustei-me e recuei.

– Só a Anna é que me pode encontrar, e tu estás carregadinho do cheiro dela. Por isso é que me encontraste. – Ela explicou e transformou-se numa pequena esféra, que por sua vez foi ficando maior e acabou assim por se transformar numa rapariga com umas asas iguais às da égua, assim como o cabelo cor de rosa.

– O que...? – Apontei para ela, escandalizado com o que tinha acabado de acontecer.

– Quero saber de onde é que conheces a Anna. – Ela insistiu e inclinou-se para a frente, colocando as mãos nas ancas.

Recompus-me do choque e preparei-me para ter uma conversa com ela como se ela fosse uma pessoa normal (confesso que já andava a fazer isso desde que tinha conhecido a Anna, por isso não seria difícil...).

– Bem... Da minha escola. Estudamos juntos. – Expliquei. Ainda assim, era estranho estar a falar com uma rapariga meia cavalo/égua.

– Espera aí... Então, se tu estás aqui, é porque ela também está. – Ela deixou escapar uma expressão preocupada.

– És Mestre de Armas? – Ela perguntou-me.

– Feiticeiro. – Corrigi.

– Hmm... Fixe. – Ela disse. Espera, ela não estava surpreendida? A Catherine e o resto do pessoal sempre me disseram que os feiticeiros eram super raros! Estava tão confuso...

– Bem, eu e a Anna estávamos na cidade, e... – Ela interrompeu-me.

– Tu já não estás na tua cidade, nem vais voltar a estar. – Ela informou-me e fiquei confuso.

Anna [Pausada]Onde histórias criam vida. Descubra agora